domingo, abril 27, 2008

Se é do passado que o MPLA quer falar…

“Os que destruíram o país não têm o direito de criticar o meu governo”. Palavras de Álvaro Boavida Neto, governador do Namibe, Angola, durante um acto de campanha eleitoral do MPLA. O governante do MPLA foi ainda mais longe dizendo que “o povo sabe quem partiu as escolas, quem partiu os centros de saúde, quem partiu os hospitais, a destruição das pontes, as destruições das aldeias, dos quimbos, das comunas”. É claro que sabe. Mas, importa dizê-lo, sabe muitas outras coisas.

Sabe, por exemplo, do massacre de Luanda, perpetrado pelas forças militares e de defesa civil do MPLA, visando o aniquilamento da UNITA e de cidadãos Ovimbundu e Bakongo.

Massacre esse que foi o ponto de partida para outros que (nunca é demais recordá-lo) se saldaram no assassinato de 50 mil angolanos, entre os quais o vice-presidente da UNITA Jeremias Kalandula Chitunda, o secretário-geral Adolosi Paulo Mango Alicerces, o representante na CCPM, Elias Salupeto Pena, e o chefe dos Serviços Administrativos em Luanda, Eliseu Sapitango Chimbili.

Sabe, por exemplo, do massacre do Pica-Pau em que no dia 4 de Junho de 1975, perto de 300 crianças e jovens, na maioria órfãos, foram assassinados e os seus corpos mutilados pelo MPLA, no Comité de Paz da UNITA em Luanda.

Sabe, por exemplo, do massacre da Ponte do rio Kwanza, em que no dia 12 de Julho de 1975, 700 militantes da UNITA foram barbaramente assassinados pelo MPLA, perto do Dondo (Província do Kwanza Norte), perante a passividade das forças militares portuguesas que deveriam garantir a sua protecção.

Sabe, por exemplo, que mais de 40.000 angolanos foram torturados e assassinados pelo MPLA em todo o país, depois dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, acusados de serem apoiantes de Nito Alves ou opositores ao regime.

Sabe, por exemplo, que, entre 1978 e 1986, centenas de angolanos foram fuzilados publicamente pelo MPLA, nas praças e estádios das cidades de Angola. Prática que se iniciou no dia 3 de Dezembro de 1978 na Praça da Revolução no Lobito, com o fuzilamento de 5 patriotas e teve o seu auge a 25 de Agosto de 1980, com o fuzilamento de 15 angolanos no Campo da Revolução em Luanda.

Sabe, por exemplo, que no dia 29 de Setembro de 1991, o MPLA assassinou em Malange, o secretário Provincial da UNITA naquela Província, Lourenço Pedro Makanga, a que se seguiram muitos outros na mesma cidade.

Sabe, por exemplo, que nos dias 22 e 23 de Janeiro de 1993, o MPLA desencadeou em Luanda a perseguição aos cidadãos angolanos Bakongo, tendo assassinato perto de 300 civis.

Sabe, por exemplo, que em Junho de 1994, a aviação do MPLA bombardeou e destruiu a Escola de Waku Kungo (Província do Kwanza Sul), tendo morto mais de 150 crianças e professores.

Sabe, por exemplo, que entre Janeiro de 1993 e Novembro de 1994, a aviação do MPLA bombardeou indiscriminadamente a cidade do Huambo, a Missão Evangélica do Kaluquembe e a Missão Católica do Kuvango, tendo morto mais de 3.000 civis.

Sabe, por exemplo, que entre Abril de 1997 e Outubro de 1998, na extensão da Administração ao abrigo do protocolo de Lusaka, o MPLA assassinou mais de 1.200 responsáveis e dirigentes dos órgãos de Base da UNITA em todo o país.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sr Orlando Castro!!Li atentamente o seu comentario, vi que tem muitas verdades mas tambem tem muitas inverdades!!Primeiro o Sr fala do "massacre" de Luanda que se saldou em 50 mil mortos. Depois mais em baixo fala da perseguição em 1992 aos Bakongos que se saldou em 300 mortos!! Ou entendi mal ou o Sr foi repetitivo!! Afinal onde foi o sr buscar esse numero de 50 mil mortos? Por outro lado,não diz o Sr o porquê do conflito pos-eleitoral? Nao diz tambem as autorias das seguintes frases:" vamos Somalizar Angola"!! Ou "Em luanda ha muita paz.." ou ainda " As eleições são livres e justas apenas quando nós ganhamos!!"....E A mensagem de guerra de "deixar cair tudo o que seja Vermelho (Brancos e Mulatos)". È propaganda do regime? São falsidades? Não!! Eu ouvi todas na primeira pessoa!! Respeito o seu direito de defender a sua filiação partidária, afinal isso é que enaltece a Democracia, mas nao podia deixar de esgrimir a minha Opinião!! Saudações!!

Anónimo disse...

Como Angolano,nascido em 1963 na maravilhosa cidade da Gabela ,tinha 12 anos quando tive que fugir para Nova Lisboa e daí para o exilio,onde me encontro a 34 anos como refugiado de guerra na cidade do Porto.
sou filho de um retornado e sei bem a cruz que tive que carregar durante muitos anos nest país pelas falsidades de que eramos acusados,pelo meu filho e para que ele saiba quem foram os seus avôs e o que fizeram naquela terra abençoada por deus,eu apena desejo a verdade dos factos e daí achar que o sr Orlando castro merece a minha consideração,porque não se esconde e o que escreve não o faz anonimamente.
Querem ver o 27 de maio de 77,não aconteceu?
Quantos morreram ou seja foram barbaramente assassinados?
Eleições livres?
Aonde e quando?Faz me lembrar o que esta a acontecer agora no zimbabue,os resultados nunca mais apareciam.
E quando Savimbi não aceitou os resultados,se a memória não me atraiçoa,o Mpla aceitou que houvesse uma 2ª volta,ou será que estou enganado?.

Arcabuzeiro disse...

Era militar da Marinha de Guerra Portuguesa e, estive em Angola antes e durante a independência 1974/75. Saí de Luanda no dia 11NOV75 após arriar a bandeira portuguesa e embarcar os últimos militares. O navio suspendeu e deixou a linda baía de Luanda rumo a Lisboa. Concordo em grande parte com as observações feitas pelo Sr. Orlando Castro porque, ainda antes da independência já se matava em Luanda violando nitidamente os artigos 1º, 2º e 3º da DUDH (Declaração Universal dos Direitos Humanos). Quem não fosse do MPLA não tinha lugar em áreas que este partido dominava. A independência de Angola não foi o início da paz mas, o início de uma nova guerra aberta. Ainda antes do dia 11NOV75 (independência) já os três grupos que haviam lutado contra as tropas portuguesas e o colonialismo lutavam entre si pelo controlo do país particularmente Luanda porque era a capital. Angola foi um território com três proclamações de independência cada uma feita pelo dirigente do partido respectivo: MPLA, UNITA e FNLA.