O
ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares de Portugal mostrou-se hoje (numa
manifesta demonstração de hipocrisia) preocupado com a taxa de desemprego de
15,3% registada em Março.
"São
números preocupantes. O desemprego tira-nos o sono e é muito motivador para o
trabalho que estamos todos os dias a desenvolver", disse Miguel Relvas.
Se, eventualmente, fosse verdade, as vítimas (um milhão e duzentas mil)
estariam acordadas 24 horas por dia.
Nem nesta
matéria o ministro consegue ser original. Já no dia 25 de Março, Miguel Relvas
afirmou que o desemprego é aquilo que verdadeiramente "tira o sono"
ao Governo.
Está-se
mesmo a ver, não está? Ninguém acredita que o governo tenha insónias ou durma
mal por causa do desemprego que, por sinal, apenas atinge os outros. E, como é
hábito, com o mal dos outros – mesmo que portugueses - pode bem, e de que
maneira, este governo.
"Estão
todos os dias nas nossas preocupações e nós não arranjamos desculpas, ao
contrário de outros. Se há circunstância que nos tira o sono verdadeiramente,
são os números alarmantes do desemprego", afirmou nesse dia Miguel Relvas
aos porta-microfones que estavam à entrada para o Congresso do PSD.
Admitindo,
como remota tese académica, que é verdade, o que dirão os portugueses
desempregados, mesmo sabendo-se que são cidadãos de segunda e que, por isso,
não gozam dos mesmos direitos da casta superior? O que dirão quando, para além
do sono, lhe tiram a comida, o presente, o futuro, a casa, a escola dos filhos,
a saúde da família?
"António
José Seguro disse que o doutor Pedro Passos Coelho revela ser o
primeiro-ministro mais insensível de Portugal e eu disse que, durante seis
anos, ele primeiro foi presidente da comissão de Educação, depois foi
presidente da comissão de Economia, e não lhe conheço nenhuma divergência de
fundo com o engenheiro Sócrates e do Governo do engenheiro José Sócrates que
levou Portugal quase à bancarrota", disse Miguel Relvas do alto da sua
cátedra de perito dos peritos.
De facto,
dizer que um primeiro-ministro que mente, que institui um regime esclavagista,
que é forte com os fracos e fraquinho
com os fortes, é insensível peca necessariamente por… defeito.
Quem disse
que “estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro
tapando com impostos o que não se corta na despesa”, não foi o líder do PS mas
sim Pedro Passos Coelho.
Quem disse
“aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai
reduzir a carga fiscal às famílias”, não foi o líder do PS mas sim Pedro Passos
Coelho.
Quem disse
“vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer
austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos”, não foi o líder do PS mas sim
Pedro Passos Coelho.
Quem disse
“ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais
terão que ajudar os que têm menos”, não foi o líder do PS mas sim Pedro Passos
Coelho.
Quem disse
“para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS
de modo a desonerar a classe média e baixa”, não foi o líder do PS mas sim
Pedro Passos Coelho.
Quem disse
“posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais
salários para sanear o sistema português”, não foi o líder do PS mas sim Pedro
Passos Coelho.
Goste-se ou
não, João Ribeiro, do Secretariado Nacional do PS, tem razão quando diz:
"Com mais de um milhão de portugueses à procura de emprego, com milhares
de portuguesas e portugueses a adiar consultas médicas por não terem dinheiro
para transporte ou taxas, com tantos idosos a racionarem medicamentos, não é
tolerável que o porta-voz do governo PSD-CDS se dedique a jogar com as palavras
e a atacar o líder do PS".
Dir-me-ão,
com razão que não contesto, que PS e PSD são fuba do mesmo saco. Apesar disso,
importa ter memória para o que gostamos e para o que não gostamos. Importa,
igualmente, perguntar como é possível manter um governo em que um
primeiro-ministro mente?
1 comentário:
Olá Orlando,
Não consigo responder à sua pergunta, porque como o Orlando, não faço ideia.
... A hipocrisia desses criminosos é tanta, que quase já não consigo manter a rádio ligada. Eliminei a TV há uns anos e estou a ver que a rádio vai pelo mesmo caminho! É que quando ouço "notícias", quase trepo pelas paredes acima e dá-me uma vontade de ter uma metralhadora na mão, que nem imagina! Parece que a nós, o soporífero não faz efeito.
Um grnde abraço
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