quinta-feira, maio 31, 2012

Toca a exportar espiões e relvas


Depois do êxito daquela coisa a que chamam “Magalhães”, e de outras similares, creio que a solução para a crise de Portugal passa por exportar espiões e relvas.

Se até há países como Angola que compram limpa neves, creio que Portugal teria sucesso na venda dos Silvas Carvalhos e  Miguéis Relvas, nem que para isso fosse necessário pôr a Fátima Campos Ferreira a fazer um programa da RTP a partir de Luanda.

Recordo-me das parangonas lusas quando, ao abrigo de um acordo bilateral assinado em Lisboa no dia 6 de Maio de 2009, ficou estabelecido que Portugal ia exportar para o Peru alguns dos programas de modernização do sistema de Justiça adoptados nos últimos anos, como a Pulseira Electrónica, a Empresa na Hora ou Citius.

E se já nessa altura, então sob o pontificado de José Sócrates, a economia portuguesa começava a ser salva, creio que com a venda – com carácter definitivo e sem retorno – de espiões e relvas o país alcançaria o êxito total.

"São experiências inovadoras que correm bem e que nós gostamos de partilhar com os nossos amigos. E constantemente ouvimos referências a boas práticas e inovações de outros países, o que permite um intercâmbio de vantagens recíprocas asseguradas", afirmou na altura o ministro português da Justiça, Alberto Costa, após a cerimónia de assinatura do memorando de entendimento para cooperação com o Peru.

Pois. E se na altura os portugueses não tinham razões para duvidar do sumo pontífice do Governo, José Sócrates, certamente que agora menos teriam com a descoberta destes novos nichos de mercado, onde espiões e relvas são um mero exemplo. Mero mas de peso, acrescente-se.

Pela República do Peru, o acordo foi então firmado pela ministra Rosário Figueroa, que esteve em Lisboa para a reunião da Comissão Delegada da Conferência de Ministros da Justiça dos Países Ibero-americanos, a que Portugal presidiu entre 2008 e 2010.

O documento estabelecia a cooperação na constituição imediata de sociedades comerciais, em atendimento presencial único, semelhante ao projecto “Empresa na Hora”, e monitorização electrónica de condenados, como a “Vigilância Electrónica” usada em Portugal.

É claro que, no caso da venda de espiões e relvas, Portugal poderia incluir no pacote, como bónus, também umas pulseiras electrónicas, mesmo dessas que os chineses vendem por tuta-e-meia.

No acordo com o Peru era igualmente incluído o modelo "Citius", de ferramentas informáticas de trabalho para magistrados e funcionários judiciais e formulários processuais e documentos electrónicos, visando a desmaterialização de processos. Cá para mim seria também de incluir este modelo no pacote dos espiões e relvas.

Como os portugueses constatam, tudo o que fazia parte do pacote peruano são coisas que funcionam às mil maravilhas nas ocidentais praias lusitanas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos.

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