Ao que
consta, o ministro Miguel Relvas vai responder
por escrito à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) no caso das
ameaças (não terão sido carícias?) que fez ao jornal PÚBLICO e à jornalista que
tem acompanhado o caso das secretas.
Ou muito me
engano, ou Miguel Relvas não vai responder. Passo a explicar. Das duas uma: ou
será ele a fazer as perguntas e a dar as respostas ou, eventualmente, dará à
ERC o sublime privilégio de arranjar perguntas para as suas respostas.
Recordam-se
que a ERC considerou no dia 1 de Setembro de 2011 que a alegada espionagem ao
telemóvel do jornalista Nuno Simas representava, a confirmar-se, um “grave
atentado à liberdade de imprensa e aos direitos dos jornalistas”?
A ERC é,
repita-se, uma entidade que ajuda a fingir que Portugal é um Estado de Direito.
Dá uma no cravo e outra na ferradura, não… nem sei de cima, empata para manter
o estado das coisa.
E assim
sendo, não age mas reage, não quer saber o que se passa com os jornalistas, mas
preocupa-se (reconheça-se) com os donos dos jornalistas e com os donos dos
donos dos jornalistas.
Como é
natural, quando é chamada a dizer de sua justiça mostra quanto impoluta é a sua
tarefa, a bem de qualquer coisa, pode – com certeza – ser da nação, sempre no
estrito cumprimento não da verdade mas do que – mesmo sendo mentira - o Poder diz que é a verdade.
Não me
recordo, mas admito que é falha minha, de ter visto a ERC tomar posição quanto
ao facto de primeiro José Sócrates e a seguir Passos Coelho terem transformado
(sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas) a
imprensa em tapete do poder.
Não me
recordo, mas admito que é falha minha, de ter visto a ERC tomar posição quanto
ao facto de primeiro José Sócrates e a seguir Passos Coelho terem conseguido,
sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas,
transformar jornalistas em criados de luxo do poder vigente.
Igualmente
não tenho ideia de ver a ERC questionar o facto de José Sócrates primeiro e
agora Passos Coelho terem, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um
prato de lentilhas, garantido que esses criados regressarão mais tarde ou mais
cedo (muitos já lá estão) para lugares de direcção, de administração etc..
Ainda
certamente por falha minha, não recordo que a ERC tenha comentado o facto de primeiro
José Sócrates e agora Passos Coelho terem dado carácter não só legal como nobre,
à promiscuidade do jornalismo com a política (sobram os exemplos de
jornalistas-assessores e de assessores-jornalistas).
José
Sócrates e Passos Coelho deram carácter não só legal como nobre ao facto de que
quem aceita ser enxovalhado pode a curto prazo – basta olhar para muitas das
Redacções - ser director ou administrador. Ambos deram carácter não só legal
como nobre ao facto de a ética jornalística se ter tornado na regra fundamental
que aparece a seguir à última... quando aparece. Será que a ERC disse alguma
coisa?
Em Portugal,
eles deram carácter não só legal como nobre ao facto de o servilismo ser regra
para bons empregos, garantindo que esses servos vão estar depois a assessorar
partidos, empresas ou políticos. Pois! Mais uma vez não me recordo da posição
da ERC...
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