Estou,
sinceramente, a gostar de ver. Uma regra fundamental do Jornalismo (interpretativo
ou não) diz, ou dizia, que se o jornalistas não procura saber o que se passa é
um imbecil, e que se sabe o que se passa e se cala é um criminoso.
Os
jornalistas, ou similares (tipo Carlos Magno), portugueses procuram saber o que
se passa. E a prová-lo está o facto de que muitos que foram socialistas desde
nascença e adeptos dos quatro costados de José Sócrates, viraram o bico ao prego e até elogiam a
gravata de Miguel Relvas.
Como o sumo
pontífice socialista foi de vela para Paris, muitos desses jornalistas, ou
similares, dizem agora que nunca foram socialistas, nem sequer simpatizantes de
Sócrates. Vale a pena continuarmos atentos. É que um dia deste vão voltar a ser
socialistas.
Creio que a
imprensa livre, quando existe, é de facto um pilar da democracia. O problema
está quando, como parece ser também um facto em Portugal, a democracia não
existe, ou existe de forma coxa e apenas formal.
Basta,
aliás, recordar que até existe um deputado que rouba gravadores aos jornalistas,
no caso Ricardo Rodrigues, do Partido Socialista, um ministro (Miguel Relvas)
que – segundo o meu “jornalismo interpretativo” - quer domar (como advoga Fernando
Lima, conselheiro de Cavaco Silva) os jornalistas, e uns tantos sipaios que na
Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) assinam os relatórios colocando
a impressão… digital.
A liberdade
de imprensa, embora os donos dos jornalistas e os donos dos donos digam o
contrário, não passa de uma miragem. Recordem, as mais impolutas figuras do governo
socialista lusitano, José Sócrates e
Augusto Santos Silva, ou da equipa do actual regime, Passos Coelho e Miguel
Relvas.
Martin
Luther King disse, e por isso
sucedeu-lhe o mesmo que está a acontecer à liberdade em Portugal, que “o que
mais me preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos
desonestos, nem dos sem carácter, nem dos sem moral. O que mais me preocupa é o
silêncio dos bons".
Hoje, mais
do que nunca, importa olhar um pouco para a memória recente, se é que ela ainda
existe.
Recordam-se
que as estruturas do Porto do Partido Socialista e do Partido Comunista
lamentaram os despedimentos nos órgãos de comunicação social da Controlinveste,
com o PCP a lamentar mesmo a porta aberta para a "aplicação selvagem do
Código de Trabalho"?
Foi, como é
habitual, um lamento de curta duração, um lamento para lavar consciências e
estar de acordo com gregos e troianos. Mas foi um lamento. É certo que durou
pouco e hoje comem à mesma mesa…
Na altura,
Janeiro de 2009, PSD, CDS e BE ficaram calados. Se calhar até fizeram bem.
Sobretudo os dois primeiros que, cada vez mais, tentam estar de bem com Deus e
com o Diabo e até, eventualmente, com outra qualquer figura que apareça pelo
meio.
Marco
António Costa, presidente do PSD/Porto, se calhar ainda hoje nem teve
conhecimento do assunto. E se teve, certamente levou em conta a opinião do
presidente da Câmara onde na altura era vice-presidente, Vila Nova de Gaia, que
lhe terá dito para estar caladinho… ou levava no focinho.
Quanto ao
CDS/Porto, todos sabem que está sempre ao lado de quem está no poder. E não me
admiraria que até tenha elogiado a demissão dos jornalistas do Porto, podendo
mesmo ter comentado que a medida se calhar pecou por defeito.
Mas ainda
bem que, do meu ponto de vista, tanto o PSD como o CDS assumiram que estão nas
tintas para os jornalistas do Porto, defendendo todos aqueles que põem as
ideias de poder acima do poder das ideias.
Cá
continuaremos, contudo, a estar para contar como foi. E quando, citando Martin
Luther King, digo que o que mais me preocupa é o silêncio dos bons não estou,
obviamente, a falar da gentalha, seja do PSD ou do CDS, que troca a dignidade
por um qualquer tacho.
Porque
muitos, cada vez mais, fogem sem pensar, é preciso que alguns (cada vez menos)
pensem sem fugir, mesmo quando lhes encostam uma pistola à cabeça, mesmo quando
são obrigados e pensar com a barriga... vazia.
É preciso
que os jornalistas que restam mostrem que, mesmo com a barriga vazia, pensam
com a cabeça... deles.
Em tempos,
recentes, Portugal ficou a saber que Carlos Magno ia ser o presidente da ERC. De acordo com uma coisa irrelevante e apenas
formal, a Lei, o presidente da ERC deveria ser cooptado pelos quatro elementos
a designar pelo Parlamento. Apesar disso, PS e PSD não perderam tempo.
Consumaram a escolha e os paspalhos que vierem a ser designados partidariamente
pela Assembleia da República tiveram de comer e calar… a bem de mais um tacho.
Salazar não
faria melhor.
E é por isso
que os membros da ERC não vão cuspir no prato que lhes deu tanta comida. Mas o
que seria de esperar de tantos analfabetos funcionais (sabem ler e escrever mas
não lêem nem escrevem)?
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