quinta-feira, maio 24, 2012

Salazar não faria melhor: Analfabetos funcionais ao serviço de sua majestade


Estou, sinceramente, a gostar de ver. Uma regra fundamental do Jornalismo (interpretativo ou não) diz, ou dizia, que se o jornalistas não procura saber o que se passa é um imbecil, e que se sabe o que se passa e se cala é um criminoso.

Os jornalistas, ou similares (tipo Carlos Magno), portugueses procuram saber o que se passa. E a prová-lo está o facto de que muitos que foram socialistas desde nascença e adeptos dos quatro costados de José Sócrates,  viraram o bico ao prego e até elogiam a gravata de Miguel Relvas.

Como o sumo pontífice socialista foi de vela para Paris, muitos desses jornalistas, ou similares, dizem agora que nunca foram socialistas, nem sequer simpatizantes de Sócrates. Vale a pena continuarmos atentos. É que um dia deste vão voltar a ser socialistas.

Creio que a imprensa livre, quando existe, é de facto um pilar da democracia. O problema está quando, como parece ser também um facto em Portugal, a democracia não existe, ou existe de forma coxa e apenas formal.

Basta, aliás, recordar que até existe um deputado que rouba gravadores aos jornalistas, no caso Ricardo Rodrigues, do Partido Socialista, um ministro (Miguel Relvas) que – segundo o meu “jornalismo interpretativo” - quer domar (como advoga Fernando Lima, conselheiro de Cavaco Silva) os jornalistas, e uns tantos sipaios que na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) assinam os relatórios colocando a impressão… digital.

A liberdade de imprensa, embora os donos dos jornalistas e os donos dos donos digam o contrário, não passa de uma miragem. Recordem, as mais impolutas figuras do governo socialista lusitano,  José Sócrates e Augusto Santos Silva, ou da equipa do actual regime, Passos Coelho e Miguel Relvas.

Martin Luther King  disse, e por isso sucedeu-lhe o mesmo que está a acontecer à liberdade em Portugal, que “o que mais me preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem carácter, nem dos sem moral. O que mais me preocupa é o silêncio dos bons".

Hoje, mais do que nunca, importa olhar um pouco para a memória recente, se é que ela ainda existe.

Recordam-se que as estruturas do Porto do Partido Socialista e do Partido Comunista lamentaram os despedimentos nos órgãos de comunicação social da Controlinveste, com o PCP a lamentar mesmo a porta aberta para a "aplicação selvagem do Código de Trabalho"?

Foi, como é habitual, um lamento de curta duração, um lamento para lavar consciências e estar de acordo com gregos e troianos. Mas foi um lamento. É certo que durou pouco e hoje comem à mesma mesa…

Na altura, Janeiro de 2009, PSD, CDS e BE ficaram calados. Se calhar até fizeram bem. Sobretudo os dois primeiros que, cada vez mais, tentam estar de bem com Deus e com o Diabo e até, eventualmente, com outra qualquer figura que apareça pelo meio.

Marco António Costa, presidente do PSD/Porto, se calhar ainda hoje nem teve conhecimento do assunto. E se teve, certamente levou em conta a opinião do presidente da Câmara onde na altura era vice-presidente, Vila Nova de Gaia, que lhe terá dito para estar caladinho… ou levava no focinho.

Quanto ao CDS/Porto, todos sabem que está sempre ao lado de quem está no poder. E não me admiraria que até tenha elogiado a demissão dos jornalistas do Porto, podendo mesmo ter comentado que a medida se calhar pecou por defeito.

Mas ainda bem que, do meu ponto de vista, tanto o PSD como o CDS assumiram que estão nas tintas para os jornalistas do Porto, defendendo todos aqueles que põem as ideias de poder acima do poder das ideias.

Cá continuaremos, contudo, a estar para contar como foi. E quando, citando Martin Luther King, digo que o que mais me preocupa é o silêncio dos bons não estou, obviamente, a falar da gentalha, seja do PSD ou do CDS, que troca a dignidade por um qualquer tacho.

Porque muitos, cada vez mais, fogem sem pensar, é preciso que alguns (cada vez menos) pensem sem fugir, mesmo quando lhes encostam uma pistola à cabeça, mesmo quando são obrigados e pensar com a barriga... vazia.

É preciso que os jornalistas que restam mostrem que, mesmo com a barriga vazia, pensam com a cabeça... deles.

Em tempos, recentes, Portugal ficou a saber que Carlos Magno ia ser o presidente da ERC.  De acordo com uma coisa irrelevante e apenas formal, a Lei, o presidente da ERC deveria ser cooptado pelos quatro elementos a designar pelo Parlamento. Apesar disso, PS e PSD não perderam tempo. Consumaram a escolha e os paspalhos que vierem a ser designados partidariamente pela Assembleia da República tiveram de comer e calar… a bem de mais um tacho.

Salazar não faria melhor.

E é por isso que os membros da ERC não vão cuspir no prato que lhes deu tanta comida. Mas o que seria de esperar de tantos analfabetos funcionais (sabem ler e escrever mas não lêem nem escrevem)?

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