A mensagem
do Sindicato dos Jornalistas (SJ) de Portugal a assinalar o Dia Mundial da
Liberdade de Imprensa, que se comemora amanhã, 3 de Maio, lembra que sem
informação livre, plural e de qualidade, não há verdadeira Democracia.
O SJ,
salientando o papel insubstituível da informação enquanto instrumento para dar
a conhecer a realidade e habilitar os cidadãos a analisar, discutir e decidir
sobre o seu futuro e o futuro do País, faz notar que a informação como bem
público necessita de jornalistas livres e com direitos.
Neste
contexto, o SJ chama a atenção dos “cidadãos e dos poderes públicos para o
continuado agravamento das condições de trabalho dos jornalistas em inúmeros
órgãos de informação”, alerta para a “preocupante degradação do próprio
'mercado' da comunicação social, em particular ao nível da imprensa”, e
manifesta a sua convicção de que é “necessário demonstrar – agora mais do que
nunca – que a informação, de qualidade e feita por profissionais qualificados e
exigentes consigo próprios, constitui uma alavanca essencial para sairmos dessa
crise, colocando em discussão no espaço público as suas causas e promovendo as
soluções para ela”.
A mensagem
do SJ reafirma ainda a decisiva importância dos serviços públicos de
comunicação social.
É o seguinte
o texto, na íntegra, da mensagem do SJ:
“1. A
informação é necessária, imprescindível e tem um valor inestimável.
A informação
habilita os cidadãos a conhecer melhor a realidade em que vivem. Uma informação
livre permite-lhes fiscalizar melhor os poderes e as políticas públicas;
dá-lhes voz e espaço para propor e exigir.
Uma
informação livre, de qualidade e pluralista faz saber o que propõem e o que
realizam as organizações cívicas, as forças políticas, as instituições
económicas, os sindicatos, os movimentos sociais, as universidades e centros de
investigação, as instituições culturais e desportivas; promove o interesse pelo
saber e pelo conhecimento, a fruição dos bens e serviços culturais, do
património material e imaterial; reflecte o que pensam, o que anseiam e o que
propõem os cidadãos e as suas organizações e fomenta o espírito crítico.
Uma
informação que valoriza a cidadania está sinceramente empenhada em conferir
permanentemente saberes e competências aos cidadãos; torna-os mais capazes de
conhecer, de analisar, de discutir e de decidir sobre as suas vidas e sobre a
vida da colectividade; habilita-os a fazer escolhas informadas sobre os órgãos
de soberania, as autarquias locais e sobre o seu futuro.
Sem
informação livre, plural e de qualidade, não há verdadeira Democracia.
2. A
informação como bem público necessita de jornalistas livres e com direitos
A informação
livre, plural e de qualidade só pode ser assegurada por jornalistas vinculados
a um corpo de normas éticas e deontológicas, a um património de leis da arte da
profissão consolidado ao longo de décadas e décadas, e a um estatuto
profissional que lhes impõe deveres imprescritíveis perante as fontes, as
pessoas objecto do seu trabalho, e o público.
Por
assumirem um tão elevado grau de exigência e por estarem submetidos ao mais
amplo escrutínio dos seus actos profissionais e do seu trabalho, os jornalistas
necessitam da correspondente protecção nos mais variados domínios – do direito
de acesso à informação à protecção no emprego, da garantia de sigilo
profissional à liberdade sindical, da cláusula de consciência ao direito a um
salário justo.
3. A
informação como bem público exige redacções capazes
Ao assinalar
o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o Sindicato dos Jornalistas chama a
atenção dos cidadãos e dos poderes públicos para o continuado agravamento das
condições de trabalho dos jornalistas em inúmeros órgãos de informação, em
particular com os despedimentos de centenas de profissionais nos últimos anos,
a depreciação do estatuto salarial, a intensificação do ritmo e da duração do
trabalho, a redução dos espaços destinados à informação, a desvalorização da
grande reportagem, o primado da superficialidade.
Neste
contexto, são de particular gravidade as situações de precariedade, de
contratados a recibos verdes ou a prazo, bastante generalizada entre os jovens
jornalistas mas não só. Não é possível garantir a independência e a liberdade
de informar de jornalistas que podem ser sumariamente despedidos no dia
seguinte ou no mês seguinte.
O SJ alerta
também para a preocupante degradação do próprio “mercado” da comunicação
social, em particular ao nível da imprensa, com sucessivas quebras de vendas e
de audiências, sem dúvida reflexo da crise económico-financeira que diminui o
poder aquisitivo dos leitores, mas cujas raízes mergulham num problema já
estrutural do país: a gritante diminuição dos hábitos de leitura de publicações
periódicas.
A presente
crise representa um extraordinário desafio aos jornalistas e às empresas. É
necessário demonstrar – agora mais do que nunca – que a informação, de
qualidade e feita por profissionais qualificados e exigentes consigo próprios,
constitui uma alavanca essencial para sairmos dessa crise, colocando em
discussão no espaço público as suas causas e promovendo as soluções para ela.
4. A
informação como bem público exige serviços públicos de qualidade
É neste
contexto que o SJ reafirma mais uma vez a decisiva importância dos serviços
públicos de comunicação social – de agência noticiosa, de rádio e de televisão
– que o Governo e a maioria parlamentar querem desmantelar, com o pretexto
demagógico da crise, mas visando cumprir uma agenda neoliberal de privatizações
a todo o custo.
O SJ
sublinha que a existência de serviços públicos de comunicação social prestados
por operadores de capitais exclusivamente públicos (RTP) e maioritariamente
públicos (Lusa) representa uma garantia permanente para os cidadãos, as suas
organizações e as mais variadas instituições, de que o pluralismo, a
diversidade informativa e a cobertura da realidade e das iniciativas das
comunidades – em todo o país e no mundo – são asseguradas.
Ao assinalar
o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o SJ salienta que a protecção e o
desenvolvimento de serviços públicos de informação livres da influência dos
poderes são imprescindíveis à democracia e que uma verdadeira democracia não
subsiste sem eles.”
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