O presidente
da concelhia do Porto do PS, Manuel Pizarro, que apresentou ontem a sua
recandidatura ao cargo, propôs uma coligação com “outras forças de esquerda”
nas eleições autárquicas de 2013.
Assistiram à
apresentação da recandidatura de Manuel Pizarro, várias dezenas de militantes e
não militantes, como os escritores Manuel António Pina e Álvaro Magalhães e o
psiquiatra Júlio Machado Vaz.
Entre os apoiantes
contavam-se também os dois candidatos à Federação Distrital socialista,
Guilherme Pinto e José Luís Carneiro, Francisco Assis e os seis presidentes de
junta socialistas, entre outros.
Quando se
candidatou a este cargo pela primeira vez, 6 de Março de 2010, fui convidado e estive
lá. Na altura escrevi que estive com prazer e com esperança mas, ingenuamente e
fundamentado num relacionamento pessoal de muitos anos, tratei o Manuel Pizarro
como meu amigo. Erro crasso.
Pelo que
hoje sei e baseado nos que ontem estiveram na apresentação, amigos como eu o
Manuel Pizarro dispensa-os. Reconheço que é, aliás, legítimo e lógico que o faça.
Amigos, ao que parece, são aqueles que gravitam junto de algum tipo de poder.
Apesar da
minha desclassificação, continuo a pensar que vale a pena acreditar em quem
vive para servir, como é o caso do Manuel Pizarro.
Ele sabe que
não foi com o meu voto que o Partido Socialista de José Sócrates conseguiu ser
governo. Talvez por isso eu tenha apenas meia dúzia (é pouco, mas já não é mau)
de amigos no PS. Amigos dos que não medem a amizade em função dos lugares
ocupados pelos seus amigos. São amigos e pronto.
O Manuel Pizarro tem, além de muitas outras
qualidades, uma apurada visão da causa pública. É verdade que ele não ficou
assim quando foi para o PS, é assim desde nascença. É claro também que ele sabe
que na sociedade portuguesa é mais importante, muito mais, parecer do que ser.
É com os que parecem que se ganham eleições.
É com os que
nos assassinam pelo elogio que se faz a política em Portugal. Os que nos salvam
pela crítica não servem, ou servem apenas durante um período curto.
Apesar das excepções,
Manuel Pizarro continua rodeado de gente disposta a estender-lhe a mão se,
eventualmente, cair ao tropeçar numa das muitas pedras que o esperam. Esses,
como sempre, estão na primeira linha. Só aí conseguem ser vistos.
Os outros,
os que retiram a pedra antes do Manuel Pizarro tropeçar, ou estiveram nas filas
de trás (para verem) ou nem sequer foram convidados para a sessão.
Hoje, ao saber
da apresentação, lembrei-me de tudo isto e por isso não condeno todos aqueles
que se colam ao candidato. Muitos deles são, aliás, peritos nessa matéria.
Estão sempre junto de quem julgam que possa vencer.
Lembrei-me
ainda de um outro aviso. “Também tu lá vais chegar”, garante um amigo meu que
não acredita que eu seja capaz de continuar a viver sem comer. Se calhar até
tem razão. Mas ainda não foi desta.
Mas enquanto
isso não acontece, continuarei a armar-me em idiota diante dos idiotas que se
armam em inteligentes. Não enche barriga, não paga as contas, mas conforta a
alma.
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