Hoje, um
conhecido que durante anos julguei ser amigo, por sinal militante do PSD,
disse-me que se calhar o melhor era eu emigrar.
Se calhar
até tem razão. Aliás, este foi um daqueles que ajudou a aumentar
substancialmente a minha colecção de… promessas. Ele, como muitos outros, sentem
– sobretudo escudados no calor da noite e na penumbra das pérolas negras do
reino - um orgasmo especial quando gozam com a chipala dos que precisam.
Com a desfaçatez
própria de uma formação superior feita na universidade da JSD (embora tenha
passado pela da JS), citou-me a tese do sipaio e secretário de Estado da
Juventude, Alexandre Miguel Mestre, recentemente corroborada pelo chefe do
posto Passos Coelho, de que ninguém (com a óbvia excepção dos invertebrados do
partido) pode ficar acomodado.
Esse meu
conhecido, mau grado a sua vasta militância no bordel partidário, continua a confundir
(e por isso está em alta, mesmo que de
cócoras) as esquinas da vida por onde andam, involuntariamente, jovens e não
jovens, com a vida pelas esquinas onde por regra assentam arraiais os donos do
reino.
Que a sua “zona
de conforto” parece ser sólida, isso parece. Está salvo de ter filhos (não tem
tomates) que possam passar pelo que hoje
passam os jovens, não pode ser responsabilizado por nada porque se
limita a reproduzir as ordens, dá tudo (já não usa vaselina, tal é a prática) o que tem para agradar ao chefe e evita contar
até 12… para não ter de se descalçar.
Que aos
patrões desse meu conhecido dava muito jeito pôr a andar o milhão e duzentos
mil desempregados, isso dava. Tal como dava que os 20% que procuram viver sem
comer passassem para o outro lado.
"Se
estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das
nossas fronteiras", declarou o secretário de Estado da Juventude e do
Desporto, hoje citado com uma reverência canina por esse meu amigo.
Recordando-lhe
que a barriga vazia pode prejudicar, mas nunca conseguirá retirar (a quem a
tem, entenda-se) a coluna vertebral, disse-lhe que fosse gozar com o caralho.
Mais
ortodoxo e eficaz seria, na verdade, apanhá-lo numa das esquinas do país, à
saída dos típicos restaurantes onde se delira com a vida dos escravos, e dar-lhe uma marretada nos cornos. É, aliás,
uma hipótese em aberto.
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