As Nações
Unidas, de acordo com os donos do mundo, debatem o massacre de Houla, na Síria,
em que 34 das 90 pessoas que morreram eram crianças. Resultado prático? Nenhum,
obviamente.
O massacre, apenas mais um, tem sido condenado de forma veemente pela comunidade internacional. A tradição
desta condenação é a de que continuam a existir terroristas bons e terroristas
maus, sendo que a catalogação continua a ser feita pelos tais donos do mundo.
O Reino
Unido quer que a Rússia, o único grande aliado do regime sírio, aumente a
pressão sobre Bashar al-Assad para que pare a matança de civis. O líder sírio
ri-se a NATO continua com o rabinho entre as patas.
Provavelmente
a NATO e a ONU irão dizer que até prova em contrário Bashar al-Assad é
inocente, desde logo porque este afirma não ter qualquer responsabilidade no
massacre, atribuindo a responsabilidade a "terroristas".
Desde Março
de 2011 que milhares de pessoas (não sei se Bashar al-Assad considera pessoas os que pensam de forma
diferente) foram mortas na Síria.
Todo o mundo
sabe há muito, muito tempo, que Bashar al-Assad não era flor que se cheire. Mas
o cheiro, o mesmo cheiro, já tem décadas e isso nunca incomodou os donos do
mundo, tal como não os incomoda que o presidente de Angola, há 33 anos no poder
sem ter sido eleito, tenha 70 por cento da população na pobreza.
No caso da
Síria, como no da Líbia, é de facto uma chatice. Bem que Kadhafi e Bashar
al-Assad poderiam ter resolvido a questão de outra forma, fazendo o mesmo que
os seus homólogos do Egipto e da Tunísia.
Não deixa,
contudo, de ser curioso que embora consideram agora Bashar al-Assad um exemplo de todos os males, não se atrevam a
fazer na Síria o que tão lestamente fizeram na Líbia.
A NATO
continua a ser fortes contra os fracos e
fraca contra os fortes. Depois de ter deposto Muammar Kadafi e de o ter ajudado
a matar, recolheu a penates e esqueceu a Síria.
Por alguma
razão Bashar al-Assad não está com meias medidas e pergunta: “Querem outro
Afeganistão, ou dezenas de Afeganistões?”
“Qualquer
problema na Síria vai afectar toda a região”, avisa Assad. “A Síria é neste momento a linha de
fractura do Médio Oriente. Qualquer intervenção ocidental causará um
terramoto”, acrescenta o presidente sírio em Novembro de 2011 numa entrevista
ao jornal britânico Daily Telegraph.
Embora o
povo sírio continue a ser morto pela gigantesca máquina de guerra da ditadura
de Assad, a NATO tem outras preocupações. Enquanto se viram agora para a
divisão dos despojos líbios, os países ocidentais não estão dispostos a levar
porrada com uma intervenção similar na Síria.
E enquanto os
sírios morrem como tordos, o presidente dos EUA, Barack Obama, e o
primeiro-ministro britânico, David Cameron, pedem (que grande coragem!) o
"fim imediato do banho de sangue" na Síria.
Recorde-se
que Kadhafi acabou por, mesmo na morte, ser um aliado dos donos do mundo. Assim
ninguém saberá o que ele poderia dizer sobre os seus anteriores amigos, alguns
dos quais, como José Sócrates, o consideravam um “líder carismático”.
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