Mudam-se os
tempos e mudam-se as vontades. Se até se muda, ou se abdica, da coluna
vertebral… pouco resta. Mesmo assim… Cavaco Silva está em Timor-Leste onde
participará nas cerimónias do X Aniversário da Independência.
Quando em
Fevereiro de 1999 entrevistei Xanana Gusmão, à pergunta “que papel fica
reservado para Portugal?” respondeu: “Um papel importante. Portugal é
importante, como sempre o foi. Acreditamos que, mais uma vez, Portugal vai
ajudar os timorenses a encontrar o caminho certo. Por isso, nunca é demais
agradecer a ajuda de Portugal e dos portugueses. Esperamos que nesta hora
difícil e crítica para a nossa Pátria, os portugueses continuem a ajudar-nos”.
A prova de
que Xanana Gusmão está grato a Portugal é agora visível, ainda mais visível, no
facto de o Governo timorense, por ele liderado, querer eliminar a Língua
Portuguesa do sistema de ensino básico em Timor-Leste.
Por razões
eleitorais ou outras, a verdade é que a manutenção do português como língua
oficial do país volta a ser questionada, admitindo-se mesmo que deixe de o
ser. A questão não é consensual mas, na
verdade, o simples facto de haver quem questione o uso do português é só por si
paradigmático.
Tanto quanto
se sabe, Xanana Gusmão e Kirsty Gusmão, Embaixadora da Boa Vontade para a
Educação e esposa do Primeiro-Ministro, têm sido os principais promotores da
ideia que poderá estar no centro do debate político das próximas eleições. Compreende-se.
Xanana que agora come, e bem, noutros pratos, já não se importa de cuspir
naquele que o alimentou durante muitos anos.
Para Xanana
Gusmão pouco ou nada interessa que esta vertente da cooperação absorva grande
parte do esforço orçamental que Portugal reserva para Timor-Leste, principal
destinatário da cooperação portuguesa no seio da CPLP.
E sendo a
CPLP uma Comunidade dos Países de diversas Línguas, entre as quais a Portuguesa, não admira que
enquanto Timor-Leste quer abandonar o português, outros queiram entrar, mesmo
que pensem da nossa Pátria comum (a língua) seja igual a zero. São disso
exemplos, Austrália, Indonésia, Luxemburgo, Suazilândia, Guiné-Equatorial e
Ucrânia.
Domingos
Simões Pereira, secretário executivo da organização supostamente lusófona,
precisou que a Suazilândia e a Ucrânia já formalizaram o pedido de adesão como
membros associados, enquanto dos restantes países, o Luxemburgo solicitou um
“convite especial”.
Nada como a
CPLP estar preocupada, por exemplo, em ajudar os cidadãos ucranianos e esquecer
– como tem feito até agora – os guineenses. É, aliás, simpático dar sapatos aos
filhos do vizinho enquanto os nossos andam descalços...
“Mas quando
nós começamos a receber esta atenção e este nível de interesse por parte de
países que ‘à priori’ não pareceria terem afinidades, interesses tão óbvios,
isso deve alertar-nos para aquilo que a CPLP pode significar, para aquilo que
pode representar”, acrescentou.
E pelo que a
CPLP parece representar, seria mais aconselhável mudar o nome para Comunidade
dos Países de Língua Petrolífera. Esquecia-se a língua portuguesa, que é coisa
de somenos importância, e apostava-se forte naquilo que faz mover os areópagos
da política internacional: o petróleo.
Aliás, mesmo
sem perguntar a Xanana Gusmão, todos sabem que a Indonésia é um daqueles países
a quem a lusofonia tudo deve, mormente Timor-Leste.
Por alguma
razão Jacarta proibiu, enquanto foi dona de Timor-Leste, aquilo que agora é
desejo de Xanana Gusmão, ou seja, o uso da língua portuguesa.
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