O Sindicato
dos Jornalistas (SJ) de Portugal reclamou o cabal esclarecimento das acusações
do Conselho de Redacção do “Público” ao
ministro Miguel Relvas, segundo as quais este teria exercido pressões e feito
ameaças inadmissíveis a jornalistas daquele diário.
Segundo uma
nora da Direcção Editorial do jornal, “uma jornalista do PÚBLICO que tem
acompanhado o caso das secretas foi alvo de uma pressão por parte do ministro
dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, que a direcção do PÚBLICO considerou
inaceitável e que motivou um protesto da direcção do jornal, apresentado esta
sexta-feira pela directora do PÚBLICO, Bárbara Reis. O ministro pediu em
seguida desculpa ao jornal.”
Tanto quanto
é previsível, o primeiro-ministro mantém total confiança em Miguel Relvas.
Aliás, os dois devem ter-se fartado de rir. Certamente beberam um copo juntos e
foram à missa.
Cá para mim
é mais uma cabala dos jornalistas contra um dos mais impolutos ministros deste
governo. Alguém acredita que Miguel Relvas era capaz de tal coisa? Francamente…
Em
comunicado, o SJ considera que devem ser cabalmente esclarecidas as acusações,
pelo que a Direcção do SJ vai pedir ao Conselho Regulador da Entidade
Reguladora para a Comunicação Social e à Comissão de Direitos, Liberdades e
Garantias da Assembleia da República a averiguação urgente das imputações
feitas.
É o seguinte
o texto, na íntegra, do comunicado do SJ:
“1. A
Direcção do Sindicato dos Jornalistas tomou conhecimento com enorme
perplexidade e profunda preocupação do teor de um comunicado do Conselho de
Redacção do “Público” segundo o qual o ministro adjunto e dos Assuntos
Parlamentares ameaçou promover um boicote informativo de todos os ministérios
àquele jornal e divulgar na Internet dados da vida privada de uma jornalista ao
serviço desta publicação.
2. A serem
verdadeiras, as imputações feitas pelo CR ao Dr. Miguel Relvas revestem uma
gravidade extrema, desde logo pela circunstância de ser um titular de um cargo
público, além do mais ministro, e especialmente por ser o membro do governo
responsável pela área da Comunicação Social. A confirmarem-se, o Dr. Miguel
Relvas deixaria de ter condições para manter-se no Governo, e muito especialmente
com as responsabilidades governativas que tem.
3.
Considerando que os factos denunciados pelo CR do “Público” devem ser
cabalmente esclarecidos e que desse esclarecimento devem ser extraídas todas as
consequências, a Direcção do SJ vai pedir ao Conselho Regulador da Entidade
Reguladora para a Comunicação Social e à Comissão para a Ética, a Cidadania e a
Comunicação da Assembleia da República a averiguação urgente das imputações
feitas.
4. A
Direcção do SJ considera que incidentes desta natureza devem ser esclarecidos
com toda a profundidade e com toda a transparência, de modo a que não restem
quaisquer dúvidas sobre os factos, e se possa agir em conformidade, como é
exigível num Estado de Direito.
5. A
Direcção do SJ manifesta a sua solidariedade para com a jornalista Maria José
Oliveira e para com o Conselho de Redacção do “Público”, em especial pela
coragem manifestada no cumprimento de um dever fundamental dos jornalistas – o
de denunciar o que consideram serem tentativas de condicionar e limitar o exercício
da sua missão profissional.”
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