O antigo
secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva afirmou hoje que as alterações ao
Código do Trabalho só vão aumentar a pobreza e o desemprego e defendeu que deve
ser travado um combate a estas medidas.
Fiquei
admirado, não convencido – como é óbvio, com a posição de Carvalho da Silva,
sobretudo porque ele é agora membro do Conselho Editorial do Jornal de
Notícias, empresa do Grupo Controlinveste, que há três anos fez um inédito
despedimento colectivo.
Recordo-me
que no dia 3 de Fevereiro de 2009, o então ministro do Trabalho e da
Solidariedade Social de Portugal dizia desconhecer que existissem empresas a
aproveitar a crise para fazer despedimentos, como a CGTP – sob a liderança de
Carvalho da Silva - denunciou, mas garantindo que, se de facto existirem, serão
"sancionadas".
Nessa
altura, a Intersindical de Carvalho da Silva, acusou a generalidade do
tecido empresarial nacional de se estar a aproveitar da actual situação de crise
para prejudicar os trabalhadores, revelando que, depois de ter analisado cerca
de 400 casos, concluiu que há encerramentos "fraudulentos".
Como aqui se
tem dito ao longo dos anos, seria bom (caso Portugal fosse um Estado de
Direito) que alguém visse o que andam a fazer os patrões, gestores ou
administradores e não tivesse medo de os levar a tribunal por gestão danosa.
Nesse dia de
2009, o ministro Vieira da Silva salientou que, caso estas situações existam,
têm de ser sancionadas e "o Estado deve utilizar todos os meios ao seu
dispor para evitar que isso aconteça".
"É
preciso identificar esses casos e os serviços em questão não deixarão de
actuar", afirmou o então ministro do Trabalho, acrescentando que, no
contexto da actual crise mundial, há um consenso para que as empresas
portuguesas desenvolvam todos os esforços para não haver despedimentos.
Como se viu,
como até Carvalho da Silva viu, a crise pode atingir as empresas mas passa ao
lado dos empresários.
Segundo o
então defensor dos trabalhadores e secretário-geral da Intersindical, Carvalho
da Silva, havia um bloqueio na situação económica, que tem causas nacionais e
internacionais, que é catalogado de crise e que essa crise é invocada por
muitas empresas à custa dos trabalhadores.
"Não
escamoteamos nem ignoramos problemas reais, que existem, que colocam hoje
grandes desafios à gestão das empresas, mas o traço mais marcante da realidade
económica portuguesa é de uma muito grande invocação instrumental da crise para
impor medidas que não resolvem os problemas", disse o então líder da
CGTP-In.
Acrescentou
ainda que a preocupação das empresas está mais no aumento dos lucros do que na
salvaguarda do emprego e adiantou que a CGTP estava a analisar cerca de 400
casos de empresas onde há situações de "aproveitamento" da crise que
prejudicam os trabalhadores.
"Nesses
400 casos vemos deslocalizações oportunistas, ou seja aproveitar a crise para
forçar uma deslocalização, vemos redução de postos de trabalho oportunistas,
encerramentos e falências que cheiram a fraude por todos os poros, actuação
unilateral de imposição de mecanismos que são violações das leis, vemos
invocação da crise para não aumentar os salários dos trabalhadores e para transformar
emprego estável em precariedade absoluta", denunciou o mesmo Carvalho da
Silva.
Hoje,
Carvalho da Silva disse que "esta alteração é uma violência. O único
objetivo é diminuir os custos do trabalho dos trabalhadores, eliminando
direitos e baixando salários. Mesmo que a maioria imponha estas medidas há que
desenvolver uma atuação muito forte contra este processo".
O membro do
Conselho Editorial do Jornal de Notícias, empresa do Grupo Controlinveste, que há
três anos fez um inédito despedimento colectivo, que falava à agência Lusa à
margem de uma cerimónia das comemorações do 35º aniversário do Sindicato dos
Trabalhadores dos Impostos que decorre hoje e amanhã em Santa Iria da Azoia,
Loures, reagia desta forma às alterações do Código do Trabalho hoje aprovadas
pelo Parlamento.
1 comentário:
Pois. Nunca digas nunca.
Mas meu caro Orlando, apesar do que possa pensar e cada pessoa é livre de pensar o que entender, acho que o CS, tem a coragem de dizer o que disse, mesmo pertencendo a um orgão de uma empresa que procedeu como procedeu. Pior seria calar-se, dobrar a espinha e bajular os donos da empresa. E porque cada um deve ser livre de pensar, por tudo o que o CS disse, eu tiro-lhe o meu chapéu e para que conste eu até nunca militei no partido dele, nem na Intersindical.
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