Pela primeira vez, no que pode ser interpretado como uma primeira vitória para os tibetanos, a China reconhece que os protestos chegaram a outras províncias, nomeadamente às de Sichuan e Gansu. Pequim foi "obrigada" a reconhecer esta realidade depois de, e apesar dos férreos bloqueios à informação, uma televisão canadiana ter mostrado activistas tibetanos em acção nas regiões vizinhas do Tibete.
Do outro lado da balança, a China divulgou a informação de que em Lhasa, capital do Tibete, 170 manifestantes se tinham rendido, devendo agora ser acusados de actos subversivos por terem hasteado a bandeira do Governo tibetano no exílio e, ainda, por incitamento à independência.
Apesar dos seus desmentidos, o Dalai Lama continua a ser acusado de liderar os protestos, afirmando Pequim que existem provas obtidas no Tibete que revelam o seu envolvimento na campanha, sobretudo procurando usar os Jogos Olímpicos como arma contra a China.
Entretanto, o presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou que pretende estar presente nos Jogos Olímpicos de Pequim, em Agosto. Explicando que não é aconselhável misturar a política com o desporto, Bush recordou que assumiu com o presidente chinês Hu Jintao, quando se encontro com ele na Austrália, que estaria presente.
A Administração norte-americana não exclui, contudo, que em contactos mantidos e a manter com o Governo chinês "seja analisada a situação do Tibete e dos direitos humanos no país".
Por sua vez, a União Europeia emitiu ontem um comunicado em que diz que "boicotar os Jogos Olímpicos não é a resposta certa aos actuais problemas políticos", acrescentando que "um boicote poderia significar, realmente, perder uma oportunidade de promover os direitos humanos e poderia, ao mesmo tempo, causar consideráveis danos à população da China como um todo".
Também o Governo português manifestou "preocupação" com a situação no Tibete, "condenando os actos e violência e lamenta as mortes".
Lisboa insta as partes a "tomarem as medidas adequadas, que levem ao fim dos confrontos", alertando para a necessidade do "respeito integral pelos direitos humanos, bem como pelas liberdades fundamentais".
Noutra frente, segundo a AFP, uma delegação do Governo chinês foi recebida em sigilo na terça-feira pelas autoridades do Vaticano para discutir as manifestações no Tibete.
A Santa Sé, que rompeu as relações diplomáticas com a China em 1951, trabalha há alguns anos para se reaproximar de Pequim, com o objectivo de reunificar a Igreja Católica do país, actualmente dividida entre a "oficial", reconhecida pelo Governo, e a clandestina, fiel ao papa. Segundo dados do Vaticano, existem entre oito milhões e 12 milhões de católicos na China.
Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro
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