quarta-feira, março 12, 2008

MPLA quer silenciar a Rádio Despertar
acusando-a, afinal, de fazer Jornalismo

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que (des)governa o país desde 1975, acusou hoje a "Rádio Despertar" de não cumprir a sua linha editorial, referindo que a mesma se tem pautado por um "pendor mais político ligado à UNITA do que comercial". Por outras palavras, não há lugar para os jornalistas mas, apenas, para os comerciais.

O secretário para Informação do MPLA, Norberto dos Santos "Kuata- Kanawa" (foto), considera a situação "grave", refere que a "Rádio Despertar" não pode fazer actividade política, enquanto foi licenciada como emissora comercial.

Ou seja, para falar de desporto teria de estar licenciada como emissora desportiva, para falar de economia, deveria estar licenciada como emissora económica, para falar de política como emissora política, para falar de crimes como emissora criminosa, para falar de prostituição como emissora…

O secretário para a Comunicação e Marketing da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, refutou as acusações afirmando que a "Rádio Despertar" assume-se como um "verdadeiro Parlamento, onde os ouvintes sem distinção de qualquer espécie expõem os seus problemas e isso não tem agradado ao partido no poder".

Pois é. Mas não pode ser assim. É uma emissora comercial e, por isso, só pode noticiar o que o patrão (o MPLA) quer que seja noticiado. É tão simples.

"Essa acusação não colhe porque a Rádio Despertar trouxe uma mais-valia na informação pública, com visões de todos os partidos, até do próprio MPLA, o que não acontece com os demais órgãos de informação públicos, como a Rádio Nacional de Angola que privilegia o partido no poder", disse Adalberto da Costa Júnior.

Pois não acontece com a RNA. A diferença é que essa tem licença política e a RD só tem comercial e, portanto, só pode falar da venda de alhos e do preço dos loengos.

Já o editor-chefe da "Rádio Despertar", José Ernesto, disse que "não têm razão de ser as críticas proferidas pelo secretário para a Informação do MPLA, pois estão desprovidas de qualquer fundamento".

"O que acontece é que as pessoas com opiniões críticas ao Governo encontram nesta emissora e não na oficial espaço para exprimirem os seus pontos de vista e geralmente nós também ouvimos a voz dos governantes, mas estes normalmente nunca estão disponíveis", afirmou José Ernesto.

A isto chama-se Jornalismo. Mas como a Rádio Despertar só tem licença comercial, está bom de ver que não pode fazer jornalismo.

A "Rádio Despertar" é uma estação emissora comercial angolana criada ao abrigo dos acordos de paz em Angola, em substituição da extinta "Voz da Resistência do Galo Negro", antiga rádio da UNITA.

4 comentários:

Anónimo disse...

A Rádio Nacional de Angola é a rádio oficial de um partido angolano. Pode não sê-lo de direito, mas é de facto. Toda gente sabe disso, incluindo os responsáveis desse partido. Nesse sentido, que moral têm para questionar a linha editorial de uma rádio que, tanto quanto sei, faz jornalismo. Aliás, terá sido por isso que conquistou a simpatia de muita gente. Por outro lado, a linha informativa da Rádio Despertar segue uma regra de ouro do jornalismo: a possibilidade de haver contraditório. Na RNA, não há contraditório, nunca houve. É caso para perguntar, que tipo de licença tem a Rádio Nacional de Angola? Terá lincença política? Já agora, porque razão é que só a RNA está autorizada a transmitir para todo país? Qual foi o receio do legislador quando redigiu a Lei de Imprensa?
Que apareçam muitas Rádios Despertar.
Para que conste, eu sou apenas militante e simpatizante do partido ANGOLA (É DE TODOS OS ANGOLANOS).

Anónimo disse...

Mais o que me preocupa mesmo é ver que as pessoas como voces jornalistas simplesmente olham. E nos povo em geral o que vamos faser? Meus camaradas voces podem faser mais, é demais sempre o MPLA. A rádio nacional pode falar dos demais partidos sem respeito sem medo, esconde factos e ate inventa outros, mais ainda assim é a que transmite unicamente para o país todo. Voces jornalistas tem que faser mais para melhor de nos pobres coitados. Desta maneira eu angolano tenho medo das eleições, vem aí buumm

Unknown disse...

Para que o EMPLA tome tal atitude como esta é preciso que defina em primeiro lugar a democracia. vendo muito bem pretende - se, é uma luta contra à alerta ao Povo angolano, contra a democracia, o que vem acontecer desde os anos 90. agora então que esta Rádio vem ganhando audiência cada dia que passa... Ainda não ouvi nenhuma desfeita contra o EMPLA que deixa o partido neste extremo. talvez eu não seja bom ouvinte, mas se é só aquilo que por exemplo passa no programa do Sr. JOJO, não vejo razões para tal

Martins disse...

Acham isso normal que os ex-militares que foram licenciados recentemente esstão a ser substituidos por civis que stão a pagar e deixando por fora quem realmente merece tal lugar. Porque a principio disseram-nos que todos que vieram das FAA seriam todos integrados, mas agora estamos a ver o contrário e nos veem com pretexto de que reprovamos mas não nos estão a dar a causa. O chefe da missão só anda ranhoso conosco não há respeito com os ex-militares o simples facto dele ser um oficial de polícia não lhe dá o direito de nos disreispeitar assim ainda mandou-nos de novo terça-feira ir ao Capolo 2 dizendo que temos que fazer outro isame médico mas quando as FAA nos licenciou eles sabiam que o fulano, o sicrano... não tem defeitos para que o imponha em impedimentos com as suas actividades n policia se não mandariam-nos nos covalecentes. É bom que haja uma forma de resolver esta situção porque trata-se de um ex-militar que lutou tanto a quando da opressão de Angola.