Creio que é benéfico para as novas gerações socialista (e similares) atirar «Os Lusíadas» para canto e, é claro, pôr no seu lugar os ilustres saramagos que das armas e dos barões assinalados nem querem ouvir falar. Se Saramago ganhou o Nobel, convenhamos que deve ser bom. Por alguma razão Jorge Amado nunca venceu esse prémio!
Destas ocidentais praias lusitanas, sem pretender ir além da taprobana, sempre vos confesso que, por muito que tente (e já tentei algumas vezes), há duas coisas que não consigo digerir: os livros de José Saramago e os filmes de Manoel de Oliveira.
É, com certeza, defeito de fabrico... ou culpa de Luís Vaz de Camões (já agora!).
Destas ocidentais praias lusitanas, sem pretender ir além da taprobana, sempre vos confesso que, por muito que tente (e já tentei algumas vezes), há duas coisas que não consigo digerir: os livros de José Saramago e os filmes de Manoel de Oliveira.
É, com certeza, defeito de fabrico... ou culpa de Luís Vaz de Camões (já agora!).
«De África tem marítimos assentos;
É na Ásia mais que todas soberana;
Na quarta parte nova os campos ara;
E se mais mundo houvera, lá chegara!»
Se estes versos faziam sentido e eram sentidos quando se falava da Pátria, hoje já não fazem porque, cada vez mais, somos um país e não já esses heróis do mar, nobre povo, Nação valente que deu luz ao Mundo.
E se assim é, qualquer semelhança entre as gerações que leram (nem sempre da forma mais correcta, reconheça-se) «Os Lusíadas» e as que têm de aturar José Saramago é mera coincidência. Mudam-se os tempos... mudam-se os heróis.
Se já não temos gigantes, o melhor é ficar com os pigmeus. Se já não temos Pátria (e nem dela queremos falar), o melhor é ficar pelo país que, embora à beira mar plantado, se limita a meter água e a deixar os outros (até mesmo um da Lusofonia - o Brasil) tomar conta dos mares nunca antes navegados.
Camões era daqueles que (como disse Theodore Roosevelt) considerava ser muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfo, glória, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito, nem sofrem muito, porque vivem numa penumbra cinzenta, que não conhece nem a vitória nem a derrota.
E num país cinzento que prefere ser ignorante a perguntar o que não sabe, joga-se para o empate (ou para uma suave derrota). Vitórias são coisas demasiado arriscadas. Glória? Para quê?
Ceder o espaço aéreo e a base das Lajes aos dólares do tio Sam já é, para os nossos políticos, uma obra gloriosa tão digna como a que nos levou a vencer o Adamastor e a dobrar o Cabo das Tormentas.
E para cantar esses feitos não faltarão ilustres escritores, bem mais dotados do que Luís de Camões e, creio, mais politizados, mais europeus, mais globais.
Fará algum sentido, perguntam os ilustres coveiros de «Os Lusíadas», dizer hoje:
«Que eu canto o peito ilustre lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram;
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta»?
É claro que não. Os estudantes não precisam de saber estas coisas. É mais cultural manter as tradições e assassinar touros em Barrancos...
Certamente que a estas teses o ministro de Educação (seja ela, ou ele, qual for) junta muitas outras, socialistas ou não.
Já viram as indemnizações que Portugal terá de pagar se alguma tribo africana se lembra de ler «Os Lusíadas» e aí encontrar, preto no branco, matéria de facto para pedir contas aos senhores Cavaco e Sócrates deste país?Por tudo isso, convenhamos que o melhor é banir tudo o que foi da Pátria e passar a dizer que Portugal só passou a existir a partir do dia 25 de Abril de 1974.
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