As principais cidades moçambicanas, com destaque para Maputo, apresentam "desigualdades crescentes" entre os ricos e pobres do que pode resultar instabilidade política, aponta um estudo independente norueguês. Confirma-se assim o que é habitual, poucos com milhões, milhões com pouco… ou nada.
A pesquisa que, ao contrário do que diz a Agência Lusa, foi divulgada publicamente, teve a chancela do Chr. Michelsen Institute (CMI), um instituto independente para a pesquisa sobre o desenvolvimento e políticas internacionais, refere que, entre 1997 e 2003, o poder de compra da população rica residente em Maputo aumentou 28 por cento, enquanto o grupo de desfavorecidos registou uma perda da ordem dos 13 por cento.
"As questões relacionadas com a pobreza urbana têm recebido pouca atenção em Moçambique, embora a taxa de pobreza urbana seja elevada e a desigualdade urbana esteja a subir. Nos bairros de Maputo, o desemprego, criminalidade e altos custos da alimentação, habitação e terra inibem os pobres de converterem o progresso na educação e saúde em rendimento e consumo melhorados", começa por referir o estudo.
E prossegue: "Num contexto onde o dinheiro é uma parte integrante da maioria das relações sociais, os mais destituídos tornam-se marginalizados sem ninguém a quem recorrer. A subida da pobreza urbana e desigualdade em Maputo causam também um impacto adverso nas relações vitais urbano-rurais, e podem pôr em perigo a estabilidade política".
O estudo, o segundo de três realizados sobre a matéria pela CMI, que serão usados para avaliação de esforços feitos no sentido de aliviar a pobreza no país, entre os anos 2009-2011, traduz em números a realidade específica das grandes cidades, com Maputo em destaque.
"A população urbana de Moçambique é estimada em 30 por cento e a taxa de urbanização projectada implica que, em 2025, 50 por cento da população viverá em cidades. Embora a taxa de pobreza rural tenha caído 16 por cento, passando para 55 por cento, entre 1997 e 2003, a taxa de pobreza urbana desceu 11 por cento, quedando-se nos 51 por cento", lê-se no estudo.
"Há também uma relação ambígua entre as estruturas do Estado e o partido FRELIMO, no governo, que pode contribuir para processos de exclusão social com motivação política", aponta ainda o estudo.
"Há também uma relação ambígua entre as estruturas do Estado e o partido FRELIMO, no governo, que pode contribuir para processos de exclusão social com motivação política", aponta ainda o estudo.
É, pois, um estudo a levar em conta. Se é que alguém está interessado, como é bom de ver.
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