“Para os jornalistas, assim como seguramente para outros profissionais cujo múnus só pode ser plenamente exercido se não se encontrar subjugado, a liberdade é uma condição essencial para a existência da imprensa. Sem liberdade de imprensa não há cidadania, que é o sal indispensável à vida dos povos soberanos. Por conseguinte, a imprensa livre é um elemento estruturante sem o qual não é possível edificar uma sociedade justa e progressiva.
O processo de emancipação dos povos e de construção das nações é uma caminhada complexa e enfrenta, por vezes, obstáculos de transposição difícil. Lançamento ou recuperação de infra-estruturas, cicatrização das feridas deixadas pelas guerras, colmatação dos fossos cavados pelas dissenções, implantação e consolidação, enfim, da democracia, são tarefas que convocam a generosidade de todos e exigem a disponibilidade dos que são chamados a empreender as acções e as transformações.
Os jornalistas estão na primeira linha dos convocados. Cabendo-lhes o privilégio histórico de serem os mediadores entre quem discute, planeia e executa as transformações e os povos aos quais estas se dirigem, assumem, por conseguinte, a pesada responsabilidade de tornar o público que servem, não um receptor passivo das suas mensagens, mas um ente colectivo cuja reflexão e cuja acção cívica em muito dependem da actividade destes profissionais. Sem ela, não há opinião pública informada nem cidadãos preparados para intervir na vida do seu Estado.
Trata-se de um fardo honroso para os jornalistas, mas é igualmente um ónus cuja assunção só pode ser exigida a empresas livres da censura e outros constrangimentos e a profissionais cuja consciência esteja liberta.
Os jornalistas portugueses conhecem, por experiência própria, o extraordinário valor da solidariedade e da cooperação, quer antes da restauração da liberdade, há já mais de um quarto de século, quer ao longo do processo de consolidação da democracia, quer no apoio que tiveram oportunidade de receber - e também de dar - no contexto das relações do seu Sindicato com as organizações profissionais de múltiplos países”.
Nota: Esta é parte de um texto de Alfredo Maia, presidente do Sindicato dos Jornalistas portugueses, publicado no dia 31 de Março de 2003 no Notícias Lusófonas
Sem comentários:
Enviar um comentário