quinta-feira, março 27, 2008

Depois não digam que Mugabe não avisou

O Presidente do Zimbabué acusou os rivais de mentirem em relação a eventuais fraudes preparadas para as eleições gerais de sábado e alertou contra qualquer recurso à violência no caso de a oposição ser derrota.
"Vocês não param de mentir sobre as eleições, sobre o facto de estarem viciadas", afirmou Robert Mugabe, dirigindo-se aos rivais, num comício eleitoral, na região de Nyanga (leste), de acordo com o jornal estatal The Herald.

"Sabemos que vão buscar essas mentiras aos vossos mestres, porque esses mestres dizem agora que as eleições não serão livres e justas. São uns mentirosos, diabólicos mentirosos. Nunca dizem a verdade sobre nós, no Número 10 de Downing Street, nem em Washington", afirmou Mugabe.

Aos 84 anos, Robert Mugabe concorre a um sexto mandato presidencial, apoiado pela União Nacional Africana do Zimbabué - Frente patriótica (Zanu-PF).


Os candidatos da oposição são Morgan Tsvangirai, ex-sindicalista e presidente do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), e o antigo ministro das Finanças (expulso da Zanu-PF), Simba Makoni.


"Queremos alertar o MDC. Ouvimos dizer (...) que se a Zanu-PF vencer serão organizadas manifestações, como aconteceu no Quénia", adiantou Mugabe. "Não corram sequer o risco de tentar! (Se tentarem) verão o que vos acontece", avisou.


No Quénia, pelo menos 1.500 pessoas foram mortas em confrontos registados após a reeleição, contestada pela oposição, do Presidente Mwai Kibaki, em Dezembro.

"Queremos que as eleições decorram numa atmosfera pacífica. Não queremos disparates depois da vitória", alertou o Presidente.

"Quando participam num confronto político, na cena eleitoral, têm que estar preparados para perder. Se a Zanu-PF ganhar, têm que aceitar, se ganharem vocês (oposição), aceitaremos esse facto", disse Mugabe, contrariando declarações anteriores.

Robert Mugabe, à frente dos destinos da nação, quer como primeiro-ministro quer como presidente, desde a independência do Zimbabué do Reino Unido a 18 de Abril de 1980, afirmou durante a campanha eleitoral, referindo-se aos outros dois candidatos presidenciais, que nenhum deles governará o país enquanto ele for vivo.


Em acentuado declínio económico, financeiro, social e político desde o ano 2000, esta outrora próspera nação da África Austral enfrenta no presente desafios tremendos: uma ausência quase total de liberdades individuais e colectivas, a maior taxa de inflação do mundo (acima dos 150 mil por cento ao ano), um índice de desemprego de 80 por cento, quase total paralisia económica e êxodo em massa dos seus cidadãos para o exterior.

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