A Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau lançou hoje uma campanha de educação cívica, visando sensibilizar os 40 porcento de eleitores que não votaram na primeira volta das eleições presidenciais a irem votar na segunda.
Vale a pena tentar, mesmo sabendo que os guineenses estão fartos que lhe digam que as eleições resolvem tudo. A prová-lo mostram a barriga... vazia.
Em conferência de imprensa, o porta-voz da CNE, Orlando Viegas, deu a conhecer os pormenores da campanha de Educação Cívica, centrada em apelos à unidade e reconciliação nacionais.
"A campanha da educação cívica para a segunda volta terá uma mensagem clara, baseada no apelo à unidade nacional e à reconciliação dos guineenses", disse Orlando Viegas, explicando que, além de campanhas de sensibilização nos bairros, os órgãos de comunicação social também serão chamados a participar.
Participação que parece insuficiente num quadro social e económico, mais do que político, em que os guineenses se sentem defraudados pelos seus políticos (não são os únicos, é certo) e esquecidos pela comunidade internacional.
"O que se pretende é reduzir a abstenção, combater os votos nulos e sensibilizar sobre a necessidade da aceitação dos resultados" que vierem a ser proclamados pela CNE, explicou ainda Orlando Viegas.
Ou seja, continua a pairar no país o temor de que os resultados eleitorais possam, como no passado recente, gerar novos e violentos conflitos.
De facto, não é fácil explicar a um povo faminto que a democracia é isso mesmo, perder e ganhar. Tanto mais quando, como é o caso, um quilo de arroz (ou até menos) é suficiente para comprar muitos votos.
Na primeira volta das presidenciais guineenses, além de uma taxa de abstenção de 40 por cento, registaram-se 5.295 votos em branco (1,49 porcento), 12.717 votos nulos (3,57 porcento) e 371 votos de protesto (0,10 porcento).
A CNE quer reduzir estes números através da "vigorosa" campanha de educação cívica a ser levada a cabo pelos jovens nas suas comunidades e elementos das organizações da sociedade civil.
Orlando Viegas disse esperar também que as directorias dos dois candidatos que disputam a segunda volta, Malam Bacai Sanhá e Kumba Ialá, façam sensibilizações junto dos eleitores para que estes votem no escrutínio do próximo dia 26.
A campanha da educação cívica hoje lançada decorre no mesmo período da campanha eleitoral, isto é, até ao dia 24 de Julho.
A Guiné-Bissau está a realizar eleições presidenciais antecipadas na sequência do assassínio do Presidente "Nino" Vieira, a 2 de Março, horas depois da morte do chefe das Forças Armadas, Tagmé Na Waié, num atentado à bomba.
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