A atribuição do nome de Armando Emílio Guebuza, Presidente moçambicano, à ponte sobre o rio Zambeze, que ligará os distritos de Caia, em Sofala e Chimuara, na Zambézia, centro, está a gerar polémica em Moçambique.
Personalidades de diferentes áreas ouvidas pela Agência Lusa de Notícias divergem quanto à indicação do nome do chefe de Estado moçambicano a um dos mais emblemáticos projectos de construção civil e dos maiores desde a independência do país, em 1975, a cargo do consórcio português Soares da Costa/Mota-Engil.
O ministro moçambicano das Obras Públicas e Habitação, Felício Zacarias, justificou a decisão da atribuição do nome do chefe do Estado à ponte com o desempenho de Armando Guebuza na governação em prol do desenvolvimento do país.
Segundo Felício Zacarias, durante o seu mandato, Armando Guebuza dedicou, de forma particular, atenção às estradas e pontes reabilitadas e construídas em Moçambique.
A cerimónia da inauguração está agendada para amanhã, 1 de Agosto, e vai contar com a presença de várias personalidades nacionais e estrangeiras.
A escritora moçambicana Paulina Chiziane afirmou a propósito que "as coisas mais importantes de um país têm que ser perenes", defendendo, por isso, a indicação de um "nome ligado à terra", daí que "o nome poderia ser Ponte Zambeze”.
A autora dos romances "Sétimo Juramente" e "Nikecthe" considerou ainda que, "mesmo o nome de Moçambique, devia ser alterado", porque "é de um colono". O país, sustentou, "devia chamar-se Zambeze, um grande rio de África, ligado à terra e que não morre".
A futura ponte Armando Emílio Guebuza é um dos mais simbólicos desígnios de construção civil, desde a independência de Moçambique, e retoma estudos feitos no período colonial por Edgar Cardoso, conhecido engenheiro de pontes português e cujas marcas são ainda visíveis nas margens do Zambeze.
Em declarações à Agência Lusa de Notícias, o historiador e consultor em Comunicação Egídio Vaz disse ser "compreensível" que se atribua o nome de Armando Gubueza à ponte sobre o rio Zambeze, mas considerou que esta decisão se prende com "razões eleitoralistas".
"A FRELIMO está a fazer tudo para continuar no poder. Acho consensual que todos os nomes sejam dados a Guebuza, sobretudo em tempo de campanha, mas não é bom. Até pela importância da ponte", uma obra que "fará a ligação do país do norte a sul", disse.
"Considerada ponte de unidade nacional, era correcto que a mesma ostentasse este nome, pois é sonho de um povo", até porque "o nome de Armando Guebuza não é marca", considerou o historiador, lembrando que o projecto vem do período colonial.
Mais curto e directo, o empresário moçambicano e ex-deputado da FRELIMO Amad Camal considerou "falta de modéstia" a atribuição do nome do Presidente moçambicano à obra.
A ponte terá um tabuleiro de 2.376 metros de comprimento (1.666 em terra e 710 sobre o leito do rio), 16 metros de largura e quatro faixas de rodagem, que podem ser duplicadas no futuro.
1 comentário:
Só os puxa-sacos e ele mesmo, Armando Guebuza, estão interessados que a ponte se chame "Armando Emílio Guebuza".
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