domingo, julho 12, 2009

Muammar Kadafi põe a boca no trombone

O guia supra-supremo da Líbia e, já agora, amigo pessoal do primeiro-ministro português, José Sócrates, isto para além de presidente em exercício da União Africana (UA), Muammar Kadafi, não está com meias medidas, o que aliás é uma das suas mais peculiares características.

Para ele o extremismo religioso serve de fundamento moral ao terrorismo. Creio que tem razão. E então quem é o principal culpado? Nada mais nada menos do que a Suíça porque, diz Muammar Kadafi, representa a fonte de financiamento do fenómeno, cujos actores possuem contas secretas na República helvética.

"A Suíça é uma máfia internacional e não um país. Ela é composta por uma comunidade italiana que deveria estar ligada à Itália, duma comunidade alemã que deve ser restituída à Alemanha e duma terceira constituída por franceses, que deveria pertencer a França", sublinhou Kadafi durante o seu discurso na Cimeira do G-8.

De uma coisa Muammar Kadafi não pode ser culpado. De falta de coragem. No sítio certo, perante alguns dos donos do mundo, disse o que pensava, embora não pensando no que dizia. Nem outra coisa seria de esperar.

Logo a seguir, Muammar Kadafi pensou no que ia dizer e esclareceu que Itália, Alemanha e França são países responsáveis, que respeitam o direito internacional e não albergam contas bancárias secretas nem máfias. Pois!

Kadafi defendeu que a luta contra o terrorismo exige o congelamento destas fontes materiais "com o desmantelamento da entidade suíça", bem como das fontes morais "encarnadas pelas confissões religiosas extremistas".

Muammar Kadafi renovou o seu apelo para a erradicação da política de ingerência que está na origem do terrorismo que, segundo ele e muita mais boa gente, constitui uma reacção à humilhação e à hegemonia internacional.

Falando do levantamento das sanções tomadas contra o Irão pelo seu urânio enriquecido, o líder líbio renovou o direito de todos os países possuírem energia nuclear e urânio enriquecido para fins pacíficos e apelou à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) para vigiar todos os países, sobretudo os que possuem armas nucleares.

O presidente da UA evocou também os actos de pirataria no Corno de África, explicando-os por "uma reacção às pilhagens dos recursos marítimos nas águas das Zonas Económicas Exclusivas (ZEE)".

Muammar Kadafi recordou a decisão tomada pela Cimeira da UA em Julho de 2009, em Sirtes, na Líbia, de criar "um Frontex africano" para proteger as fronteiras externas africanas.

O líder líbio anunciou que está a trabalhar na redacção dum acordo entre os somalís e o resto do mundo sobre o respeito da ZEE da Somália em troca da suspensão da pirataria pelos somalís para pôr termo a este fenómeno e dos perigos da sua propagação no Mediterrâneo e em outras regiões do mundo.

E enquanto não consegue instituir os Estados Unidos de África, Muammar Kadafi lá vai, no meio de muitas baboseiras, dizendo umas tantas verdades que incomodam todos aqueles que se julgam (e em alguns casos são) donos do mundo.

1 comentário:

de.puta.madre disse...

Interessante, abordagem.