A Comissão Nacional de Eleições (CNE) resolveu, em comunicado, dar a ideia (talvez para eleitor ver) de que Portugal é um estado de direito democrático.
Vai daí, certamente com a assessoria de alguém que já militou na profissão, reiterou hoje que os Órgãos de Comunicação Social devem garantir informação equivalente a todas as candidaturas nas eleições autárquicas de 11 de Outubro, "com vista ao esclarecimento do eleitor".
Quase fazendo lembrar o Burkina Faso, a CNE vem sugerir o que sabe que ninguém cumpre, mais parecendo que goza à grande e à... portuguesa com a chipala e com a inteligência dos pobres eleitores portugueses, como se estes fossem todos matumbos.
"Sem se pôr em causa o direito à informação, a objectividade desta deve ser rigorosa e não se esgota na exactidão material dos factos que comporta mas revela-se na actualidade da mensagem, na sua 'imediatividade' e na sua veracidade, pelo que, às notícias ou reportagens de factos ou acontecimentos de idêntica importância deve corresponder um relevo jornalístico semelhante", afirma a Comissão num comunicado que certamente figurará como mais uma peça do anedotário da comunicação social portuguesa.
A Comissão Nacional de Eleições considera, por outro lado, que "não sendo permitida a inclusão na parte noticiosa ou informativa de comentários ou juízos de valor, não está, contudo, proibida a inserção de matéria de opinião, cujo espaço ocupado pode não exceder o que é dedicado à parte noticiosa e de reportagem e com um mesmo tratamento jornalístico".
Pelos vistos, tal como acontece com a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), também a CNE sabe a potes como se faz a informação (jornais, rádios e televisões) no reino lusitano das ocidentais praias a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos.
Ou seja, nada sabe. Num país e num sector que valoriza o acessório em detrimento do conteúdo, a subserviência em vez da competência e o lucro em vez da (in)formação, querer que um pilha-galinhas tenha o mesmo espaço que o dono do aviário é, mais ou menos, como querer considerar pintores todos aqueles que decoraram as cores do arco-íris.
"Merece especial referência a matéria dos debates eleitorais, pois, apesar de a Comissão Nacional de Eleições entender que existe uma maior liberdade e criatividade na determinação do conteúdo, ao contrário do que sucede com a cobertura noticiosa, os Órgãos de Comunicação Social devem procurar que os debates eleitorais se realizem com a participação de representantes de todas as candidaturas", lê-se na nota.
A CNE, tal como a ERC e outros organismos similares (mesmo que quando ampliados continuem nanicos), deveriam apenas querer que os Órgãos de Comunicação Social fossem feitos por quem percebe da matéria: os Jornalistas.
Também é verdade, e tanto a CNE como a ERC sabem disso, que se os Órgãos de Comunicação Social fossem feitos por jornalistas já tinham acabado. Não que os jornalistas não saibam como fazer boa informação, mas porque os jornalistas são uma espécie em inequívoca extinção.
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