Senhor presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá:
Dois em cada três guineenses vivem na pobreza absoluta e uma em cada quatro crianças morre antes dos cinco anos de idade, diz o representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Recorda-se de, em Maio de 2005, numa entrevista que me concedeu e que foi publicada no Jornal de Notícias (*) no dia 17 desse mês, me ter dito: “Nino Vieira teve mais do que tempo para mostrar o que valia e foi o que se viu. O povo não esquece quem lhe faz mal. Quanto a Kumba Ialá, passa-se o mesmo. Nenhum deles engana mais ninguém”?
Pois é. Olhe que o povo não esquece quem lhe faz mal. E não se esqueça também que se a Guiné-Bissau continua a ocupar uma posição de desenvolvimento muito precária no concerto das Nações, com uma evolução relativamente baixa da economia e um crescimento do Produto Interno Bruto fraco, isso não é culpa do povo.
E não se esqueça também que além da pobreza absoluta que afecta dois em cada três guineenses, a fome ainda existe na Guiné-Bissau em consequência da conjuntura económica "débil", motivada por uma actividade agrícola de monocultura de caju, principal produto de exportação do país e/ou pelas cíclicas crises político-militares.
Esta situações, aliadas à instabilidade política e institucional, não têm ajudado ao processo de melhoria sustentada das condições de vida das populações guineenses.
E não se esqueça também que a esperança de vida à nascença para um guineense é de "apenas" de 45 anos, atendendo à fragilidade humana, sobretudo por causa da fraca cobertura dos serviços sociais.
Já pensou, senhor presidente, enquanto saboreia várias refeições por dia, que aí na sua rua há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morreu com fome? Não esqueça, Senhor Presidente, que não é possível enganar toda a gente durante todo o tempo.
E, mesmo famintos, ainda sobra força aos guineenses para um dia destes voltarem a fazer o que já começa a ser um hábito: puxar o gatilho.
Espero, senhor Presidente, que pense nisso e que, de uma vez por todas, aceite que quem não vive para servir não serve para viver.
(*) http://jn.sapo.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=480948
Dois em cada três guineenses vivem na pobreza absoluta e uma em cada quatro crianças morre antes dos cinco anos de idade, diz o representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Recorda-se de, em Maio de 2005, numa entrevista que me concedeu e que foi publicada no Jornal de Notícias (*) no dia 17 desse mês, me ter dito: “Nino Vieira teve mais do que tempo para mostrar o que valia e foi o que se viu. O povo não esquece quem lhe faz mal. Quanto a Kumba Ialá, passa-se o mesmo. Nenhum deles engana mais ninguém”?
Pois é. Olhe que o povo não esquece quem lhe faz mal. E não se esqueça também que se a Guiné-Bissau continua a ocupar uma posição de desenvolvimento muito precária no concerto das Nações, com uma evolução relativamente baixa da economia e um crescimento do Produto Interno Bruto fraco, isso não é culpa do povo.
E não se esqueça também que além da pobreza absoluta que afecta dois em cada três guineenses, a fome ainda existe na Guiné-Bissau em consequência da conjuntura económica "débil", motivada por uma actividade agrícola de monocultura de caju, principal produto de exportação do país e/ou pelas cíclicas crises político-militares.
Esta situações, aliadas à instabilidade política e institucional, não têm ajudado ao processo de melhoria sustentada das condições de vida das populações guineenses.
E não se esqueça também que a esperança de vida à nascença para um guineense é de "apenas" de 45 anos, atendendo à fragilidade humana, sobretudo por causa da fraca cobertura dos serviços sociais.
Já pensou, senhor presidente, enquanto saboreia várias refeições por dia, que aí na sua rua há gente que foi gerada com fome, nasceu com fome e morreu com fome? Não esqueça, Senhor Presidente, que não é possível enganar toda a gente durante todo o tempo.
E, mesmo famintos, ainda sobra força aos guineenses para um dia destes voltarem a fazer o que já começa a ser um hábito: puxar o gatilho.
Espero, senhor Presidente, que pense nisso e que, de uma vez por todas, aceite que quem não vive para servir não serve para viver.
(*) http://jn.sapo.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=480948
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