sábado, julho 04, 2009

Mais um pa(c)to para a (des)governação

O secretário-geral socialista (também e ainda primeiro-ministro de Portugal), José Sócrates, propôs hoje um pacto para a internacionalização das pequenas e médias empresas, e defendeu que cabe ao Estado o papel de direcção nesse objectivo.

E eu que estava à espera de ver José Sócrates propor um pacto com os portugueses de segunda (todos os que não são deste PS), ou com os dois milhões de pobres, ou com os mais de 20% (vinte por cento, vinte em cada cem, uma em cada cinco) de crianças expostas ao risco de pobreza, ou com os mais de 500 mil desempregados...

Intervindo no encerramento do fórum socialista Novas Oportunidades, que decorreu em Lisboa, José Sócrates apresentou as prioridades do programa económico que apresentará às próximas legislativas.

Partindo da necessidade de dar resposta à crise e de "modernizar o país", com um programa assente "nos valores da esquerda democrática e do centro esquerda", o primeiro-ministro defendeu que Portugal precisa de partidos que "não tenham medo nem preconceito relativamente à iniciativa do Estado".

Mas, ao que parece, Sócrates esquece que o medo é nesta altura e no seu país meio caminho andado para sobreviver, para arranjar emprego, para manter o que se tem, para agradar ao chefe do posto, para não chatear até o sipaio.

"O Estado tem um papel inestimável no sentido de promover a internacionalização das indústrias e empresas, em particular das pequenas e médias, já que as grandes não precisam muito do Estado para isso", afirmou, acrescentando que a identificação de novos mercados é uma das tarefas em que o Estado pode ajudar.

Afinal até parece que não foi ele que esteve à frente do Governo nos últimos quatro anos, até parece que não foram os seus socialistas que estiveram à frente dos supostos motores da economia, que estiveram até no comando de muitas empresas privadas.

O "pacto para a internacionalização" que propôs implica "uma concertação estratégica entre o Estado e o sector privado", em particular nos sectores onde Portugal "é mais competitivo" como "turismo e madeiras" e também nos sectores tradicionais como os têxteis e o calçado.

Deixem-me rir. Isto porque, ao que parece, só agora é que este PS descobriu o que, no país real, há muito se sabe. Se só agora descobriu está desculpado mas, como este tipo de ignorância é crime, deve ir pregar para outra banda. Se já sabia, o que é o caso, deve ir igualmente para outro lado, se possível para bem longe.

"É com esse tecido de pequenas e médias empresas e com os empresários que gostam de correr riscos, é com esses que devemos fazer uma aliança e um pacto para a internacionalização da economia e para o aumento das nossas exportações", disse.

Só falta acrescentar, em abono da verdade, que existiu nestes quatro anos de (des)governação socialista, como é agora prometido para os próximos quatro, uma condição sine qua non para atingir tal desiderato: ser do PS e – é claro – arranjar uns tachitos para os socialistas que o partido ainda tem na lista de espera.

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