A falta de progresso no combate à pobreza em Angola foi o aspecto mais "desanimador" que o secretário de Estado britânico para a África, Ásia e as Nações Unidas, Mark Malloch-Brown, encontrou na sua recente visita ao país.
"Os altos níveis de riqueza gerados pela indústria petrolífera ainda não foram traduzidos em ganhos para os mais pobres", lamentou hoje, durante a abertura do 10º Fórum Angola na Chatham House.
Malloch-Brown, que hoje termina funções no governo britânico, visitou Angola em meados de Junho e diz ter sido ficado "surpreendido com o fantástico desenvolvimento".
No domínio económico, elogiou os grandes investimentos em infra-estruturas e edifícios e o crescimento nos sectores fora do petróleo, mas mostrou-se preocupado com a corrupção e a desigualdade social e económica.
Sobre as recentes eleições legislativas, acredita que deram "nova energia e legitimidade" ao partido no poder, o MPLA, "que estava cansado".
Todavia, alertou o perigo de se juntar ao grupo de "demasiados países onde os rendimentos do petróleo só beneficiam a elite".
"Os sucessos podem ser efémeros se não existirem estratégias sólidas, claras e não corruptas", avisou, no seu último compromisso oficial enquanto secretário de Estado.
O Fórum teve como oradores administradores de empresas e bancos, dirigentes de organizações não-governamentais, diplomatas e investigadores.
No final, a embaixadora britânica do Reino Unido em Angola, Pat Phillips, descreveu a encruzilhada em que Luanda se encontra após as eleições de 2008.
Na sua opinião, existem dois cenários possíveis, um idêntico ao que aconteceu ao Zimbabué e outro à transformação observada no Brasil.
Se seguir o primeiro, o partido no poder pode "agarrar-se" à riqueza e ao governo.
Em alternativa, afirmou, "daqui a 10 anos pode ser uma economia enorme e um país com grande influência".
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