A Comunidade Económica da África Ocidental (CEDEAO), Interpol e Nações Unidas, incluindo o departamento de operações de manutenção de paz, lançaram uma iniciativa conjunta para combater o tráfico, principalmente de drogas, através de países como a Guiné-Bissau.
A Iniciativa para a Costa da África Ocidental "visa acabar com a porosidade das fronteiras da África Ocidental, com a governação frágil e corrupção, que permitem que os traficantes de droga operem num ambiente de impunidade", afirma a ONU.
Segundo o estudo "Contrabando Internacional e o Império da Lei na África Ocidental - Uma Avaliação das Ameaças", esta semana divulgado pelo departamento das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), o tráfico ilegal de pessoas, drogas, petróleo, tabaco, medicamentos falsos, resíduos industriais e diamantes está a tornar a África Ocidental uma mina de ouro para o crime organizado internacional.
"A África Ocidental tem tudo o que a criminalidade necessita: recursos, localização estratégica, governos fracos e um número ilimitado de soldados que vêem poucas alternativas viáveis a uma vida criminosa", diz António Maria Costa, director do UNODC.
A ONU avalia que o tráfico gere receitas anuais em torno de mil milhões de dólares. Por exemplo, os 438 milhões obtidos com o contrabando de 45 milhões de comprimidos antimalária falsos ultrapassam o PIB da Guiné-Bissau.
No caso de alguns países, o valor dos tráficos supera toda a riqueza gerada oficialmente.
"Vamos focar-nos em situações pós-conflito", sobretudo na Guiné-Bissau, Libéria, Costa do Marfim e Serra Leoa, afirma António Maria Costa.
Também a Guiné-Conacri poderá ser em breve envolvida, caso realize eleições livres e democráticas.
A ONU calcula que em 2006 um quarto da cocaína consumida na Europa (cerca de 40 toneladas) transitou pela África Ocidental.
Estes números diminuiram nos últimos 18 meses, no que é o único aspecto positivo deste relatório em relação ao contrabando ilegal nesta parte do continente africano.
Além disso, na África Ocidental, entre 50% e 60% dos medicamentos são falsos e até 80% dos cigarros são contrabandeados, estima a ONU.
Na Nigéria, cerca de 55 milhões de barris de petróleo são anualmente desviados da circulação legal e o dinheiro fruto da atividade acabam nas mãos de grupos criminosos e da guerrilha secessionista, segundo o relatório.
Na região existem 30 grupos armados e mais de dois milhões de armas sem controlo, um negócio avaliado em 170 milhões de dólares.
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