Há muitas e válidas razões para o MPLA amar Cuba e, é claro, para Cuba amar o MPLA. Permitam-me que, por exemplo, recorde o brilhante trabalho cubano no apoio à vitória eleitoral do MPLA.
Na altura, Setembro do ano passado, ao elogiar a transparência e honestidade das eleições em Angola, bem como o papel de comunicação social (do estado, está bom de ver), Cuba prestou o melhor dos serviços à verdade.
Só não viu quem era ceguinho (e foram muitos). Só não vê quem quer continuar a ser cego. E, neste caso, a cegueira é proporcional ao peso do petróleo angolano, grande parte dele roubado a Cabinda.
Pedro Ross Leal, embaixador cubano em Angola, em declarações à agência angolana de notícias, Angop (a quem mais poderia ser?), apontou como merecedor de elogio o comportamento da comunicação social (não especificou qual delas, mas é fácil de entender) pela sua “eficiência” e oportunidade dada aos partidos políticos para expressarem os seus “propósitos de governação”.
Relevando como “facto inédito” em África, num país que viveu “longos anos de guerra”, a realização de eleições num clima “de paz, tranquilidade e honestidade”, Ross Leal disse que considera que o escrutínio foi “transparente e honesto” pelo “comportamento cívico dos cidadãos e dos partidos políticos”.
E se Cuba o diz, quem se atreverá a dizer o contrário?
O diplomata cubano defendeu ainda que a vitória esmagadora do MPLA, com mais de 81 por cento dos votos, nas segundas eleições realizadas em 33 anos de independência (de quê?) e 16 anos depois das primeiras em 1992, representa uma “mais valia na cooperação entre os dois países, rumo ao desenvolvimento de ambos”.
Pedro Ross Leal lembrou que o MPLA sempre foi um parceiro do governo cubano (bem lembrado!), desde a luta de libertação nacional, quando “o comandante” Che Guevara encontrou Agostinho Neto, o primeiro Presidente da República de Angola, no Congo-Brazaville.
“Foi a partir desta data que se deu início à cooperação bilateral, permitindo assim a mútua ajuda para o desenvolvimento dos nossos povos, bem como para a libertação de Angola das forças coloniais”, apontou o diplomata.
Ross Leal disse ainda que a cooperação entre Angola e Cuba deverá agora crescer, sublinhando o número significativo de médicos e professores que Havana já tem no país africano.
“Já temos médicos e professores cubanos espalhados pelas 18 províncias do país. Com a construção de mais infra-estruturas pelo Governo angolano, haverá igualmente maior contributo da nossa parte, visto que estamos dispostos a lutar juntos para o futuro de Angola”, sublinhou. E quando toca a lutar num país rico os cubanos não se fazem rogados.
Hoje, como ontem e como amanhã, ainda há muitas contas que o MPLA não pagou. Por isso, eles vieram para Angola para ficar.
Aliás, as consequências do envolvimento cubano em Angola foram sobretudo o endividamento de Angola perante Cuba e a dilapidação de muitas riquezas que foram carregadas para Havana, desde carros a mármore roubado até dos cemitérios deixados pelos portugueses.
Recordo um episódio aqui relatado em Novembro de 2008 («Sempre gratos ao ditador amigo»), quando alguém nascido e criado no Alto Hama foi visitar Cuba e, em Havana, viu o Autocarro do Grupo Desportivo do Alto Hama aonde ele se fartou de andar quando era atleta júnior da equipa de futebol local, antes da Dipanda... Isto para além dos autocarros da EVA (Empresa de Viação de Angola).
Sem comentários:
Enviar um comentário