O líder da UNITA, Isaías Samakuva, exigiu no passado dia 18, no Songo, província de Uíge, que o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, marque as eleições presidenciais ainda para o ano de 2009.
Tanto quanto parece, o presidente da República e do MPLA (partido que governa Angola desde 1975) só estará disposto a fazer eleições quando muito bem lhe apetecer, não sendo despicienda e hipótese de isso só acontecer lá para 2011 ou até mais tarde.
Até lá, a comunidade internacional (ONU, UE, UA, CPLP etc.) continuará dar cobertura ao órgão que mais (ou exclusivo) poder tem em Angola, apesar de não eleito: o presidente a República.
O sonho de eleições em 2009 não passa disso mesmo. Um sonho de quem, ingenuamente, pensa estar num Estado de Direito.
Alegando, ou justificando, todo o processo que envolve a revisão da Constituição, o Campeonato Africano das Nações, a Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa etc., José Eduardo dos Santos vai adiando as eleições e, dessa forma, perpetuando-se no poder.
Aliás, não deixa de ser curioso que a CPLP será presidida pela primeira vez na sua história por um Chefe de Estado sem legitimidade democrática. E que consequências resultarão disso? Nenhumas, como é óbvio.
Aliás, será curioso ver como vão reagir algumas importantes figuras da política portuguesa (desde logo, Cavaco Silva, José Sócrates e Manuela Ferreira Leite) quando José Eduardo dos Santos não permitir que a estação de televisão SIC, e os jornais Público e Expresso (os inimigos públicos do regime do MPLA em Portugal) forem impedidos de se descolar a Luanda para a Cimeira da CPLP.
Creio por tudo isto, mesmo sabendo que estará isolada no contexto internacional, que a UNITA deve jogar forte e feio para que Eduardo dos Santos marque as eleições presidenciais rapidamente e para uma data aceitável.
Deve inclusive aproveitar a visita a Angola da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, na primeira semana de Agosto, para exigir que Eduardo dos Santos diga quando serão as eleições... se é que as vai havar.
Recorde-se que, por exemplo, a Administração Obama defende que África não precisa de líderes fortes, mas sim de instituições fortes.
No contexto de uma posição forte e inequívoca, a UNITA deveria inclusive equacionar o abandono do Parlamento, desde logo como forma de protesto pela falta de democracia e legimitidade de instuições que deviam ser o garante da democracia.
Nota: Texto partilhado com o Notícias Lusófonas
http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=23219&catogory=Manchete
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