Cerca de duas centenas de estivadores estão hoje a fazer uma manifestação em frente à Assembleia da República de Portugal, com parte deles a gritar insultos graves dirigidos ao primeiro-ministro, José Sócrates, e a rebentar petardos.
Ao que parece, o direito à indignação virou lei da selva e há quem julgue que Portugal já é um país onde vale tudo, até mesmo ofender de forma criminosa e selvagem o primeiro-ministro. Criticar é um direito, ofender é um crime. Por muitas razões que tenham os estivadores, e acredito que as tenham, pensar e agir com liberdade é muito bom, mas pensar e agir com rectidão é muito melhor.
De acordo com um dos agentes da PSP que faziam a segurança da manifestação e a protecção da entrada da Assembleia da República, foram já identificados alguns dos estivadores autores de insultos ao primeiro-ministro e responsáveis pela utilização de petardos.
"Sócrates, escuta, és um filho da p..." e "O Sócrates não cumpriu, vai para a p... que o pariu" e "fascista" foram alguns dos insultos proferidos por estivadores.
Segundo o porta-voz da manifestação, entre os cerca de 200 estivadores concentrados à frente do Parlamento estão trabalhadores dos portos de Leixões, Viana do Castelo, Figueira da Foz, Aveiro, Lisboa e Sines.
Num comunicado que foi entregue à agência Lusa, a Confederação dos Sindicatos Marítimos e Portuários acusa o Governo de ter aprovado a proposta de lei dos portos "sem qualquer tipo de discussão formal com as associações sindicais" e alega que o executivo pretende fazer "uma liberalização encapotada" do sector.
Os estivadores envergavam coletes reflectores, tendo a maioria nas costas a inscrição "Don't fuck my job".
Pois é. Assim não. Não basta dizer o que se pensa, é preciso pensar no que se diz.
3 comentários:
Pois, "quem semeia ventos, colhe tempestades".
Mesmo que estas sejam injustas, injustificáveis, imorais, criminosas, etc...
Quando a hipocrisia da democracia não funciona, vem o caos, a violência, a revolta.
Onde não há lei, é isso que acontece, as coisas vão resvalando, avassalando. Afinal os esfomeados que solução além da morte os espera, os desespera?a
05.07.2009 - 21h30 - Token, Portugal
Portugal passa por um período de grave instabilidade! O país precisa de combater o ritmo de crescimento galopante do flagelo do desemprego... Não é saudável alguém que dedicou décadas de vida num posto de trabalho honesto, ser despedido, para ficar sem perspectivas futuras, vivendo das últimas poupanças e a sentir a deterioração do ambiente social e familiar, até ao dia em que ouve os filhos esfomeados pedirem pão e ter de explicar que não tem... Custa, e muito, sentir-se apagado do tecido social, ser tornado um pária, sem sonhos, sem ilusões, sem apoio, sem outra saída que não a procura de uma arma e de oportunidades de capitalizar o seu uso para obter lucro imediato, sem pudor de atentar contra ou tirar a vida de outrem... Até ao dia em que já embrenhado no mundo do crime, tenha de usar a outra mão para empurrar o punhal bem fundo antes de torcer e rasgar, salvaguardando o anonimato, vital na carreira... Calma! Vamos meditar sobre o assunto...
In Público Última Hora
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