domingo, julho 19, 2009

Mais um (pequeno) capítulo do BPN

O ex-ministro da Saúde de Portugal, Arlindo Carvalho, e dois administradores da sociedade Pousa Flores foram constituídos arguidos no caso BPN e serão ouvidos amanhã no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.

Arlindo Carvalho e os dois administradores da sociedade de gestão e exploração imobiliária (Pousa Flores), à qual o ex-ministro da Saúde tem ligações, elevam para cinco o número de arguidos no inquérito ao caso BPN. Os outros dois são Oliveira e Costa, ex-presidente da instituição bancária, e Dias Loureiro, ex-administrador da SLN, que detinha o banco.

Cá para mim, como escrevi aqui no dia 24 de Maio a propósito de Oliveira e Costa (ver «
Será que vai dizer tudo o que sabe ou os trunfos vão ficar na manga?»), a procissão ainda vai no adro, ou se calhar ainda nem lá chegou.

Oliveira e Costa começou apenas a abrir o livro e a festa já está animada. Recorde-se que o então cabeça de lista do PS às eleições europeias, Vital Moreira, fez no doa 28 de Maio um duro ataque à comunicação social, dizendo que "é escandalosa a benevolência" como trata figuras de "direita" envolvidas no Banco Português de Negócios (BPN).

Vital Moreira calou-se depois, certamente por ordens superiores. Mas o silêncio de pouco adiantará. É que o pântano, para usar um termo do então primeiro-ministro português, António Guterres, vai também envolver nomes do PS.

Oliveira e Costa mostrou apenas um trunfo e foram muitos os que diziam ser um “bluff”. Como se vê, outros jogadores envolvidos numa partida com múltiplos protagonistas já foram identificados. Haverá mais, à direita e à esquerda, assim a Justiça vá até ao fim.

No Parlamento português, José Oliveira e Costa revelou algumas coisas importantes embora, com ou sem “bluff”, ficasse a ideia de que não disse tudo o que sabia.

Aliás, o próprio Oliveira e Costa disse que tem mais informação do que aquelas que vieram a público sobre os factos que levaram à nacionalização do BPN, mas diz que está a guardá-las para usar mais tarde.

"Eu sei mais do que disse", admitiu Oliveira e Costa, acrescentando que está "a guardar uma série de informação, que não é útil a esta comissão [de inquérito], para usar mais tarde".


Oliveira e Costa, em prisão preventiva desde 20 de Novembro de 2008, será ouvido terça-feira no TCIC, cabendo ao juiz Carlos Alexandre avaliar se mantém ou não aquela medida de coacção, após um requerimento do advogado do banqueiro para que a mesma seja alterada para uma situação menos gravosa.

Creio que a memória de Oliveira e Costa sairá melhorada na razão inversa da pena. Se continuar detido vai lembrar-se de mais alguma coisa, de mais alguns nomes, de mais alguns negócios. Se a pena for menos gravosa, se calhar vai continuar à espera...

Oliveira e Costa fundou e esteve durante anos à frente do BPN e do grupo SLN, no qual é um dos maiores accionistas (com mais de três por cento), de onde foi afastado em inícios do ano passado, após pressões nesse sentido de outros accionistas de referência.

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