quinta-feira, julho 02, 2009

ONG canadiana teme mais violência na Guiné
(Tal como no Alto Hama se tem dito e redito!)

Uma organização canadiana que actua na Guiné-Bissau alertou hoje para o perigo de novos focos de violência após a divulgação dos resultados eleitorais, pedindo à comunidade internacional que intensifique esforços para assegurar uma transição política pacífica no país.

"As eleições só por si não garantem a estabilidade. O potencial para mais violência ainda é muito real. As eleições podem mesmo desencadear nova violência", disse à Agência Lusa Evan Hoffman, director do Canadian International Institute of Applied Negotiation (CIIAN), uma Organização Não Governamental (ONG) dedicada à prevenção de conflitos violentos.

Atenção que, apesar da coincidência de pontos de vista, o Alto Hama nada tem a ver com o CIIAN, a não ser – é claro – na leitura daquilo que para alguns é óbvio. Este é o caso.

Os resultados das eleições presidenciais guineenses de 28 de Junho foram divulgados hoje, ditando a realização de uma segunda volta, em data ainda a anunciar, entre os candidatos Malam Bacai Sanhá, candidato do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e Kumba Ialá, apoiado pelo Partido de Renovação Social (PRS).

Presente em mais de 20 países, o CIIAN promove desde Outubro de 2004 um projecto de estabilização e prevenção da violência na Guiné-Bissau. Para Evan Hoffman, a realização de eleições não muda a "corrosiva" cultura política por trás da crise, nem resolve as "rivalidades de longa data entre membros das elites políticas e militares" no país.

Pois é. Tal como há muito aqui, e não só aqui, se tem escrito. Pena é que nem todos, a começar pelos guineenses e passando por Portugal e pela CPLP, entendam que a verdade pode doer, mas que cura, cura.

"As próprias eleições podem na realidade ser a faísca de mais agitação", acrescentou Hoffman, adiantando que, no pior dos cenários, quem fica afastado do poder pode reagir violentamente com ataques a figuras-chave semelhantes aos que aconteceram recentemente no país.

O director do CAIIN aponta ainda a investigação aos assassínios do presidente João Bernardo "Nino" Vieira e do Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, general Tagmé Na Wai, em Março de 2009, como potencial foco de novos actos de violência, apelando ao apoio da comunidade internacional para que o processo seja concluído e os resultados "imediatamente" divulgados.

Evan Hoffman destacou o papel das Nações Unidas na promoção de conversações entre um núcleo de políticos, considerando que a ONU deve também fornecer, a pedido do primeiro-ministro guineense, mais apoio no combate à "impunidade".

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