Segundo o órgão oficial do regime (Jornal de Angola), citando o primeiro secretário provincial do MPLA, Mawete João Baptista, “a província de Cabinda continua a ser o baluarte da revolução angolana, preponderância assumida desde os tempos da luta de libertação nacional”.
Não sei se eram bem estas as instruções que Mawete João Baptista recebeu de Luanda. Isto porque, segundo o regime que ocupa militarmente Cabinda, é preciso passar a ideia de que é urgente fazer uma limpeza na região. E essa estratégia não coincide com a tese do promeiro secretário do MPLA.
O político angolano, “que falava no acto do lançamento da agenda política do seu partido, recordou que o povo de Cabinda aderiu ao MPLA durante o período de libertação nacional nas matas do Maiombe, servindo de guia, abrigando combatentes, alimentando os guerrilheiros com banana, chikwanga e jingumba".
Os argumentos de Mawete João Baptista reflectem, de facto, uma realidade. É que os cabindas, como os angolanos, foram voluntários devidamente amarrados nas mãos do MPLA apenas por questões de subsistência.
E se Manuel Pedro Pacavira foi reeleito para o Comité Central e do Bureau Político do MPLA, e que foi Ministro da Agricultura e dos Transportes, representante de Angola na ONU, Governador do Kwanza Norte, embaixador em Cuba e na Itália, depois de ter feito a sua formação como colaborador da PIDE (folha 84 do Processo Crime nº 554/66 existente na Torre do Tombo, em Lisboa), é bem possível que alguns cabindas tenham optado voluntrariamente (com uma Kalashnikov encostada às costas) por defender o MPLA.
Mawete João Baptista garantiu que os cabindas se identificam com a orientação política do partido. Cabindas que sabem, por amarga experiência própria, que ou seguem o que os donos do regime determinam ou levam um tiro, ficam sem emprego, vão presos.
O programa do lançamento da agenda política do MPLA, ainda de acordo com o órgão oficial do MPLA, incluiu visitas ao bispo da diocese Católica de Cabinda, Filomeno Viera Dias, à futura sede do Comité Provincial e estruturas de base do partido.
A agenda política do partido, apresentado aos militantes de Cabinda, no cine Chiloango, por Roberto de Almeida, refere uma série de tarefas, cujas indicações e orientações se consubstanciam nos discursos do Presidente da República e do MPLA, José Eduardo dos Santos, com ênfase para a observância da história da carochinha a que o regime chama de “Tolerância Zero” aos actos ilícitos na administração pública angolana.
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