sábado, fevereiro 13, 2010

Chefia do governo cada vez mais perto?

Augusto Santos Silva anda muito calado. Depois de ter assumido várias pastas em governos do PS e ser um dos donos da verdade em Portugal por delegação, por enquanto, de José Sócrates, deve estar a esfregar as mãos de contente. Se calhar é desta que poderá chegar o seu objectivo principal: ser primeiro-ministro.

Depois da fase em que assumiu o papel de educar das classes operárias e ignorante, começando pelos professores que não sabiam (agora sabem cada vez melhor) a diferença entre Salazar e os democratas, terá agora de aguardar para colher os frutos da sua multifacetada obra.

Recorde-se que uma das suas grandes obras, que importa agora recordar quando atiram o odioso da questão só para cime de José Sócrates, foi meter na ordem os jornalistas.

E meteu-os de forma profissional e sem o amadorismo que parece revelar a tentativa de plano de controlo vinda a público nas últimas semanas.

Veja-se que quase todos os directores de jornais (não são propriamente jornalistas) vieram à praça pública dizer que são impolutos. E isso aconteceu porque, em devido tempo, Augusto Santos Silva colocou nos sítios certos os seus mabecos, os seus sipaios e os seus chefes de posto.

Visto (sobretudo em perte do seu círculo partidário) como um homem competente e com grande capacidade de trabalho, Augusto Santos Silva foi considerado um dos ministros mais “políticos” dos governos de José Sócrates.

É claro que competência significa no dicionário socialista a capacidade para malhar em todos os que pensam de maneira diferente. Por isso Santos Silva associou, em Janeiro de 2006, a eleição de Cavaco Silva, "o candidato apoiado pela direita", a uma tentativa de "golpe de Estado constitucional".

Santos Silva foi, aliás, eleito director do Acção Socialista, o órgão oficial do PS, sendo responsável na direcção partidária por toda a imprensa do partido. Isto para além, é claro, de toda a outra restante imprensa onde, em muitos casos, põe e dispõe... mesmo depois de ter passado para a pasta da Defesa.

Especialista em tudo, Augusto Santos Silva foi ministro da Educação entre 2000 e 2001, depois de ter sido secretário de Estado da Administração Educativa entre 1999 e 2000, e assumiu a pasta da Cultura entre 2001 e 2002. Como se vê...

Como se vê, alguns jornalistas meteram-se com os donos da verdade e do poder e foram para o olho da rua. Alguns empresários tiveram a ousadia de dizer umas tantas verdades ao chefe do posto e o resultado foi, sem apelo nem agravo, ver as suas empresas passadas a pente fino por todas as investigações possíveis e imaginárias.

Se calhar, digo eu, foi por isso que se deixaram de ouvir críticas comos as que fez o patrão do grupo Jerónimo Martins que, ´há um ano, disse que a actual crise estava a ser agravada pela "demagogia que o senhor primeiro-ministro está a empregar neste momento e que é absolutamente intolerável”.

Como se vê, são cada vez mais os jornalistas interessados em manter o emprego e que, por isso, até acham que nunca houve tanta liberdade de imprensa em Portugal.

Aliás, para que servirá essa coisa chata que só incomoda e que dá pelo nome de Liberdade de Imprensa?


É que nem as empresas donas das fábricas de produção de textos de linha branca estão interessadas na Liberdade de Imprensa, desde logo porque esse é um empecilho à liberdade de facturar, de fazer fretes, de mascarar propaganda como se fosse informação.

Segundo Alberto Martins, na altura líder parlamentar do PS e hoje ministro da Justiça, "o PS tam a seu favor um património muito grande” porque foi “fundador da democracia”.

“Nunca como hoje temos condições de debate democrático", sustentou em Setembro do ano passado Alberto Martins, parecendo passar ao lado de nunca como nos últimos quatro anos e tal ter havido tantos jornalistas incómodos despedidos e tantos propagandistas transformados em jornalistas...

Alberto Martins parece esquecer, ou parecia na altura, que a liberdade de informação e expressão não é propriedade de ninguém e não é, ao contrário do que pensa, algo que se conquiste uma vez e fique para sempre. A liberdade precisa de ser praticada todos os dias, a todas as horas, em todos os actos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Ou seja, o homem é pau para toda a colher e em última instancia, vira pau de marreta para malhar! Nem mais!
Grande texto, Orlando! (e ainda vou a meio...) :)

Anónimo disse...

Isso sim, é que é escrever! Isso é a Mensagem! Boa Orlando. :)

Anónimo disse...

O SANTO DAS SILVAS


Ele queria era malhar,
malhar, malhar a esmo.
não reparou que estava a espancar
em si mesmo.

Com a fama de malhador,
o Ministério da Guerra veio gerir.
Ele será o primeiro desertor
se algum dia a guerra surgir.

Ele não se importou de ser capacho
quando desertou para outro lado,
veio à procura do tacho
que no PS lhe foi acenado.

Com a demonstrada eloquência
e a já vista erudição
para Ministro só da Incompetência,
com a especialidade de charlatão.


Daí a sua contratação pelo socialismo,
já todos conseguiram perceber.
A fé promovida pelo seu catecismo
é a de os ricos ainda mais enriquecer

e a de assumir novos desafios,
implementando muitos cambalachos,
protegendo os militantes nos compadrios
da distribuição de dourados tachos.

Este não é certamente
licensiado pela Independente
mas sim doutorado em tagarela,
como o Hugo Chavez da Venezuela.
Consulino Desolado