Para Mário Crespo as redes de tráfico de influências são o principal problema do país e atira responsabilidades para a classe política, que quer ver punida nos casos de violação de dever do cargo.
“Se se perguntar hoje a um ministro ou a um líder da oposição: acha que a corrupção é principalmente um problema político? Ele responde atirando para a Lua”, afirmou Mário Crespo num programa de debate na Rádio Renascença.
"Podemos fazer uma experiência... vão agora à Assembleia e ponham as coisas preto no branco, numa linguagem muito simples. Onde está o centro da corrupção grave em Portugal? Eu digo, está no sector político. Perguntem aos líderes políticos e vão ver se eles não assobiam para o ar”, acrescenta o jornalista.
Para Mário Crespo, as redes de tráfico de influências são o principal problema de Portugal. “Isso hoje é o grande problema que nós temos pela frente, que é essencialmente um problema político, da classe política, e a classe política em Portugal, hoje, afasta toda e qualquer possibilidade de se considerar sequer o problema”, acusa.
Quanto às propostas que têm sido aprovadas no combate à corrupção, Mário Crespo diz que elas “têm o seu mérito”, mas todas “passam ao lado do problema central”. Mário Crespo defende que os políticos dêem o exemplo em matéria de transparência, em nome da democracia.
"Vejo uma coisa muito curiosa, é que se faz finca-pé de direitos fundamentais como se o dever de transparência de titulares não existisse ou como se fosse possível com mais ou menos pontapé na transparência, ter democracia".
"A questão central que hoje se discute em Portugal é se o dever de transparência e o dever de promoção de confiança não são tais na vida pública que os titulares de cargos políticos e equiparados não tenham deveres de cargo e não haja crimes por violação desses deveres de cargo de responsabilidade", defendeu o jornalista.
Sobre o momento político actual, Mário Crespo assinala a diferença entre o discurso do governo e a realidade do país, ao dizer que "quando o governo anuncia grandes êxitos (...) e nesse preciso momento os observadores independentes altamente treinados na matéria e a percepção do público em geral é a de que tudo está a piorar, então há aqui qualquer coisa que merece uma reflexão muito profunda".
Rectificação: Onde se lê Mário Crespo deve ler-se João Cravinho.
Nota: Se Mário Crespo tivesse escrito isto, para além de ver o texto censurado, veria – caso fosse publicado em qualquer outro sítio onde a liberdade é mais importante do que a subserviência – cair o Carmo e a Trindade.
1 comentário:
Essa foi a matar... a rectificação! :)
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