segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Inquérito rápido e urgente a bem da Nação

Pinto Monteiro diz que quer saber quem entregou à comunicação social (não terá sido esta a fazer jornalismo tipo buraco da fechadura?) o seu despacho de arquivamento das escutas das alegadas conversas entre Armando Vara e José Sócrates.

E se diz que quer, também diz que o inquérito deverá ser (como tudo no reino) prioritário e urgente. O Procurador-Geral da República diz que quer saber quem é o autor da fuga de informação. É assim mesmo. A bem da Nação, neste caso socialista.

Pinto Monteiro ordenou a Maria José Morgado a abertura de um inquérito a que conferiu carácter de prioridade e com urgência às fugas de informação que levaram à divulgação do seu despacho de arquivamento das escutas do processo "Face Oculta".

Há coisas do Diabo. Ninguém quer ajudar a Justiça made in Portugal. Seja como for, cá para mim neste caso, como em todos os outros, a culpa é da mulher da limpeza.

Está na cara. Quem mais poderia ser? Se todas as pessoas que tiveram acesso ao despacho são impolutas, só sobra a dona Maria, a mulher que passa a vassoura e a esfregona nos gabinetes.

O matutino "i" nopticia na sua edição de hoje que Pinto Monteiro já terá falado com a Procuradora-Geral Adjunta para que o Departamento de Investigação e Acção Penal investigue a autoria da fuga de informação.

Faz bem. E a investigação, tal como caso Casa Pia – por exemplo – tem de ir até ao fim, doa a quem doer... por muito que isso venha a custar à dona Maria.

O caso é mais grave do que habitualmente pois ao despacho em causa «só cinco ou seis pessoas», de acordo com Pinto Monteiro, é que tiveram acesso. Será? Para descobrir qual, ou quais, dessas “cinco ou seis pessoas” mostrou ter uma garganta funda é preciso tanta celeuma?

Pela primeira vez Pinto Monteiro pede um inquérito com prioridade e urgência. Não é que possa estar em causa um crime de atentado ao Estado de Direito, mas é bom dar algum exemplo.

O Procurador-Geral da República quer saber quem fez chegar aos jornais os despachos onde o próprio Pinto Monteiro ordenou o arquivamento das certidões extraídas pelo juiz de Aveiro e também a convicção do Procurador Marques Vidal de envolvimento do primeiro-ministro num plano que atentaria contra o Estado de Direito.

Se calhar ninguém fez chegar os despachos. Os jornalistas é que, como parece ter acontecido com as múltiplas escutas do processo “Face Oculta”, fartam-se de inventar, de mentir, de manipular, de fazer campanhas negras. Se calhar, desta vez, acertaram.

Os textos publicados na imprensa mostram que, ao contrário do que terá dito o Procurador num dos despachos de arquivamento não consta nenhuma conversa entre Armando Vara e José Sócrates.

Esse caso levou o Partido Social-Democrata a pedir explicações a Pinto Monteiro. Por duas vezes os social-democratas pediram acesso aos referidos despachos. Por duas vezes Pinto Monteiro recusou por estarem em causa despachos que incluíam escutas que o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento, tinha ordenado fossem destruídas.

O Procurador-Geral da República garante: "Eu nunca disse à comunicação social ou ao Parlamento uma única coisa que não fosse verdadeira". Disso já todos tinham a certeza. Todos não exactamente. Creio que a dona Maria não acreditou.

As fugas ao segredo de justiça em processos que decorrem, é um crime que Cândida de Almeida, directora do DCIAP, considera que urge combater e não tem justificação com o dever de informação.

"Estando um processo em segredo de justiça, não é um direito, é um crime que comete quem publica seja o que for", diz acrescentando "mesmo que haja um interesse fundamental. É crime e os crimes não são de interesse público" , diz Cândida Almeida.

E diz com toda a razão. É um crime publicar seja o que for que esteja em segredo de justiça. E se assim é, vou ter de alterar uma das regras de ouro do Jornalismo que aprendi há muitos, muitos, anos.

Essa regra dizia que se o jornalista não procura saber o que se passa é um imbecil, acrescentando que se consegue saber o que se passa e se cala é um criminoso.

3 comentários:

emiliarebelo disse...

adorei esssa da dona maria esta demais força

Anónimo disse...

Grande texto, Orlando, grande texto!! .))

ELCAlmeida disse...

Se em vez de uma qualquer D. Maria, que aproveitando as Novas Oportunidades, todo o tempo que tiver para ler sempre aprende português, não seria algum qualquer aparelho de escuta ou televisivo no Gabinete?
Se bem me recordo, alguém dizia, ou disse a certa altura, que não sabia se até estava a ser escutado...
Kandandu
EA