quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Será que o Governo português quer mesmo acabar com o regabofe no jardim do Jardim?

Conheci o actual ministro das Fiananças de Portugal, Fernando Teixeira dos Santos, em 1999 quando ele era Secretário de Estado do Tesouro e Finanças do XIII Governo Constitucional. Foi, aliás, numa altura em que (ainda) era possível ser jornalista.

Fiquei, e mantenho, com a ideia de que – citando palavras suas - é um "simples cidadão" que, como muitos portugueses, "quando tem que trabalhar mais, trabalha".

Tem, contudo, a sorte que outros portugueses (cerca de 700 mil) não têm. Isto é, querem trabalhar mas encontram as portas fechadas.

Creio que o ministro das Finanças tem errado muitas vezes. E isso acontece-lhe, ao contrário de outros colegas do elenco governativo, porque só erra quem faz, quem trabalha. Acredito, aliás, que como ele diz, pode enganar-se, mas não engana.

Hoje, disse que as propostas da Oposição para as Finanças Regionais terão graves "implicações nas contas públicas" e retiram a "credibilidade externa" do país.

Quem disse que terão graves "implicações nas contas públicas" foi Teixeira dos Santos, o político. Já quem afirmou que retiram a "credibilidade externa" do país foi Teixeira dos Santos o simples cidadão que se licenciou em Economia na Universidade do Porto.

O ministro referiu que a última versão das alterações propostas à Lei das Finanças Regionais implica um aumento da despesa pública em transferências para as regiões, especialmente para a Madeira, de quase 50 milhões de euros em 2010, um valor que aumentará anualmente até chegar aos 86 milhoes de euros em 2013. Ou seja, estas alterações, caso sejam aprovadas, permitirão o aumento do endividamente regional em 100 milhões de euros já este ano.

Teixeira dos Santos lembrou ainda as diferenças nas taxas de IVA aplicadas em Portugal continental (20%) e na Madeira (14%), dizendo que com esta lei Alberto João Jardim "pretende obter do Estado uma receita como se na Madeira se pagasse IVA à taxa de 20%".

"Isso não é justo porque implicaria que fossem os restantes portugueses a pagar a diferença e o custo dessa baixa de impostos na região", concluiu Teixeira dos Santos mostrando que, como simples cidadão, não gosta que no seu país existam portugueses de primeira e de segunda (ou até talvez de terceira).

Certo, bem certo, é que Alberto João Jardim não olha a meios para atingir os seus fins. E tem-no feito com total êxito que tanto agrada aos madeirenses como a todos aqueles que, por ganharem um pouco mais do que o salário mínimo..., vão passar férias ao jardim (privado) do Jardim.

E a verdade é que ninguém lhe pega. O homem diz o que entende, quando entende, insulta meio mundo – sobretudo os cubanos do continente – e continua impávido e sereno a gozar com a chipala dos portugueses.

Teixeira dos Santos bem quer acabar, ou pelo menos diminuir, o regabofe madeirense. Mas não vai lá. E não vai porque, para além de o PSD ser o que Alberto João quer, também o PS tem responsabilidade no actual (mau) estado das coisas.

E como se isso não bastasse, ainda se dá o caso de PSD, CDS, BE e PC estarem (quem diria) do lado do soba que, embora eleito, é dono da Madeira.

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