O Conselho Deontológico (CD) do Sindicato dos Jornalistas portugueses diz-se apreensivo com as pressões e as tentativas de controlo do exercício profissional do jornalismo, e recomenda aos profissionais da comunicação social que combatam a censura e lutem contra as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar.
Uau! Finalmente o CD descobriu o que de há muito os jornalistas sabem. Sabem, inclusive, os próprios membros do órgão, mas (como diz o primeiro-ministro) a título não oficial nem formal. Se não fosse dramático daria, creio, para rir.
Numa Recomendação divulgada hoje, o CD reporta-se aos casos “Mário Crespo” e “escutas telefónicas” divulgadas pelo “Sol”, bem como à precariedade laboral que cada vez mais afecta os jornalistas, para concluir que a “situação actual do jornalismo é crítica” e “afecta gravemente o exercício profissional e a liberdade de informar”.
Aqui não há uau que chegue. Aqui tem mesmo de ser: Porra! Levou tempo a assumir o que se sabe há muito, o que é dito – com nome e chipala – por muitos jornalistas.
Mais vale tarde do que nunca? Talvez. Mas muitas vezes quando o Sindicato denuncia que há jornalistas a aprender a viver sem comer... já eles morreram.
Neste contexto, o CD recomenda aos jornalistas que combatam a censura, denunciem as tentativas para cercear a liberdade de expressão e de informação, e recusem os actos que violem a sua consciência e a deontologia profissional.
Falta, contudo, dizer (como os membros do Sindicato sabem por experiência própria) que se fizerem o que o CD recomenda... vão para o desemprego.
Vejamos o que diz o comunicado.
«O Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas vê com apreensão as pressões e as tentativas de controlo do exercício profissional do jornalismo, exercidas quer interna quer externamente ao campo dos média».
Não era difícil ver agora, ou denunciar agora, o que há muito sabem existir, sobretudo quando apareceream na praça portuguesa os donos dos jornalistas e os donos dos donos dos jornalistas.
«Teme que a alegada violação do segredo de justiça venha a constituir um pretexto para restringir a liberdade de informar. Teme também que o ambiente criado sobre estas matérias inspire argumentos que visem pôr em causa a auto-regulação dos jornalistas.»
Nesta altura o CD apenas teme. Devia ter a certeza, até porque não faltam factos. Mesmo assim, não vão os donos do país ficar ainda mais zangados, apenas teme...
«O Conselho Deontológico pronunciou-se há um ano sobre tentativas — que então se exprimiam — de condicionar os jornalistas. Apesar da situação actual não ser muito diferente, há um efeito cumulativo que potencia e acentua as suas consequências materiais e simbólicas. O qual é gerador de um estado de coação, implícito ou explícito, inibidor da liberdade de expressão.»
Reconhece que a situação tem anos. Apesar disso continua apenas, com montes de caldos de galinha, a temer. Se calhar esperar-se-ia mais. Mas também é certo que os jornalistas do Sindicato têm de comer, de pagar a casa, de educar os filhos...
«O jornalista Mário Crespo denunciou, dia 1 de Fevereiro, o alegado desejo do primeiro-ministro de o ver afastado da actividade profissional que exerce na SIC. O semanário «Sol» divulgou, na sua edição de 5 de Fevereiro, o conteúdo de despachos de magistrados e de escutas telefónicas, os quais evidenciam um alegado plano para controlar os média, que envolveria o Governo.»
Quanto ao que se passou com o Jornal de Notícias... nem uma palavra. É compreensível. No JN respira-se liberdade e o presidente do Sindicato, também membro do Conselho de Redacção, sabe bem a diferença entre ser bestial e besta.
«O poder político e o poder económico convergiriam nesta intencionalidade. A Assembleia da República, em sede de inquérito parlamentar ao caso revelado pelo «Sol», e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social, por queixa interposta por Mário Crespo, vão pronunciar-se sobre a matéria».
Uau! Finalmente o CD descobriu o que de há muito os jornalistas sabem. Sabem, inclusive, os próprios membros do órgão, mas (como diz o primeiro-ministro) a título não oficial nem formal. Se não fosse dramático daria, creio, para rir.
Numa Recomendação divulgada hoje, o CD reporta-se aos casos “Mário Crespo” e “escutas telefónicas” divulgadas pelo “Sol”, bem como à precariedade laboral que cada vez mais afecta os jornalistas, para concluir que a “situação actual do jornalismo é crítica” e “afecta gravemente o exercício profissional e a liberdade de informar”.
Aqui não há uau que chegue. Aqui tem mesmo de ser: Porra! Levou tempo a assumir o que se sabe há muito, o que é dito – com nome e chipala – por muitos jornalistas.
Mais vale tarde do que nunca? Talvez. Mas muitas vezes quando o Sindicato denuncia que há jornalistas a aprender a viver sem comer... já eles morreram.
Neste contexto, o CD recomenda aos jornalistas que combatam a censura, denunciem as tentativas para cercear a liberdade de expressão e de informação, e recusem os actos que violem a sua consciência e a deontologia profissional.
Falta, contudo, dizer (como os membros do Sindicato sabem por experiência própria) que se fizerem o que o CD recomenda... vão para o desemprego.
Vejamos o que diz o comunicado.
«O Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas vê com apreensão as pressões e as tentativas de controlo do exercício profissional do jornalismo, exercidas quer interna quer externamente ao campo dos média».
Não era difícil ver agora, ou denunciar agora, o que há muito sabem existir, sobretudo quando apareceream na praça portuguesa os donos dos jornalistas e os donos dos donos dos jornalistas.
«Teme que a alegada violação do segredo de justiça venha a constituir um pretexto para restringir a liberdade de informar. Teme também que o ambiente criado sobre estas matérias inspire argumentos que visem pôr em causa a auto-regulação dos jornalistas.»
Nesta altura o CD apenas teme. Devia ter a certeza, até porque não faltam factos. Mesmo assim, não vão os donos do país ficar ainda mais zangados, apenas teme...
«O Conselho Deontológico pronunciou-se há um ano sobre tentativas — que então se exprimiam — de condicionar os jornalistas. Apesar da situação actual não ser muito diferente, há um efeito cumulativo que potencia e acentua as suas consequências materiais e simbólicas. O qual é gerador de um estado de coação, implícito ou explícito, inibidor da liberdade de expressão.»
Reconhece que a situação tem anos. Apesar disso continua apenas, com montes de caldos de galinha, a temer. Se calhar esperar-se-ia mais. Mas também é certo que os jornalistas do Sindicato têm de comer, de pagar a casa, de educar os filhos...
«O jornalista Mário Crespo denunciou, dia 1 de Fevereiro, o alegado desejo do primeiro-ministro de o ver afastado da actividade profissional que exerce na SIC. O semanário «Sol» divulgou, na sua edição de 5 de Fevereiro, o conteúdo de despachos de magistrados e de escutas telefónicas, os quais evidenciam um alegado plano para controlar os média, que envolveria o Governo.»
Quanto ao que se passou com o Jornal de Notícias... nem uma palavra. É compreensível. No JN respira-se liberdade e o presidente do Sindicato, também membro do Conselho de Redacção, sabe bem a diferença entre ser bestial e besta.
«O poder político e o poder económico convergiriam nesta intencionalidade. A Assembleia da República, em sede de inquérito parlamentar ao caso revelado pelo «Sol», e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social, por queixa interposta por Mário Crespo, vão pronunciar-se sobre a matéria».
Vão pronunciar-se? Vão, com certeza. Creio que irão dizer que para pior já basta assim. Como, aliás, convém a um povo manso e de brandos costumes.
«Mas a convergência que condiciona a actividade profissional dos jornalistas não se esgota aqui. Começa desde logo na precariedade laboral, que cerceia a autonomia e a independência dos jornalistas. Um fenómeno que se encontra generalizado e que enfraquece os fundamentos do jornalismo, sustentados na sua ética e deontologia profissional. »
É isso aí. Entre ser jornalista de barriga vazia e criado do poder com ela cheia... serão poucos os que preferem passar fome.
«É imperioso que as empresas de média esclareçam se estão subordinadas a interesses e a estratégias políticas ou económicas, alheias à função social que ao jornalismo incumbe assegurar. Saber se esses interesses e estratégias de alguma forma influem na orientação editorial e se, por conveniências espúrias, determinam práticas censórias.»
Perguntar tal coisa às empresas é o mesmo que perguntar a um condenado à morte se quer morrer. Todas dirão que não, que o clima de total liberdade reina no reino.
«O Conselho Deontológico considera que a situação actual do jornalismo é crítica e que afecta gravemente o exercício profissional e a liberdade de informar. Considera que a solidariedade entre os jornalistas é fundamental à sua defesa e à lealdade que devem, acima de tudo, aos leitores, ouvintes e telespectadores.»
Solidariedade entre quem? Entre jornalistas? Como é que tal é possível se grande parte das redacções, mais ou menos unificadas, mais ou menos transformadas em linhas de enchimento, substituiu os jornalistas por autómatos que mais não são do que produtores de conteúdos?
«Mas a convergência que condiciona a actividade profissional dos jornalistas não se esgota aqui. Começa desde logo na precariedade laboral, que cerceia a autonomia e a independência dos jornalistas. Um fenómeno que se encontra generalizado e que enfraquece os fundamentos do jornalismo, sustentados na sua ética e deontologia profissional. »
É isso aí. Entre ser jornalista de barriga vazia e criado do poder com ela cheia... serão poucos os que preferem passar fome.
«É imperioso que as empresas de média esclareçam se estão subordinadas a interesses e a estratégias políticas ou económicas, alheias à função social que ao jornalismo incumbe assegurar. Saber se esses interesses e estratégias de alguma forma influem na orientação editorial e se, por conveniências espúrias, determinam práticas censórias.»
Perguntar tal coisa às empresas é o mesmo que perguntar a um condenado à morte se quer morrer. Todas dirão que não, que o clima de total liberdade reina no reino.
«O Conselho Deontológico considera que a situação actual do jornalismo é crítica e que afecta gravemente o exercício profissional e a liberdade de informar. Considera que a solidariedade entre os jornalistas é fundamental à sua defesa e à lealdade que devem, acima de tudo, aos leitores, ouvintes e telespectadores.»
Solidariedade entre quem? Entre jornalistas? Como é que tal é possível se grande parte das redacções, mais ou menos unificadas, mais ou menos transformadas em linhas de enchimento, substituiu os jornalistas por autómatos que mais não são do que produtores de conteúdos?
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