Pedro Silva Pereira reagiu hoje à notícia do semanário "Sol" que dá conta de um plano do Executivo em criar um grupo de media, apoiado na PT, favorável ao Governo. Segundo o ministro, é "totalmente falso que o primeiro-ministro ou o Governo tenha ou tenha tido qualquer plano de controlo da comunicação social".
Silva Pereira tem toda a razão. Quem tinha esse plano era a mulher que faz a limpeza quer nas instalações do PS quer nas do Governo e que, ainda por cima, pertence a uma empresa externa, não sendo por isso filiada no PS.
Segundo a dona Maria, a tal empregada de limpeza, o primeiro-ministro nada tem a ver, ou a haver, com o assunto até porque, tanto quanto se recorda, ele sempre disse desde que chegou a secretário-geral (2004) do PS, citando o que Santana Lopes suspostamente fizera a Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, que não havia nada de mais sagrado do que a liberdade de imprensa.
Quando muito, como diz o Jornal do Pau, “Sócrates limitou-se a chamar a secretária, que chamou o chefe de gabinete, que chamou o assessor, que chamou o Pedro Silva Pereira, que chamou o Armando Vara, que chamou o Paulo Penedos, que chamou o Rui Pedro Soares, que chamou o Zeinal Bava, que chamou o Henrique Granadeiro”.
Seja como for, e fazendo minhas (isto é como quem diz) as palavras de Pedro Silva Pereira, "Portugal tem uma comunicação social inteiramente livre". Eu diria mesmo, totalmente livre. Ou até, mais livre do que a própria liberdade.
Para além da atribuir a paternidade do plano ao pai errado (era mãe e era a dona Maria), o "Sol" está a tapar-se com uma peneira, esquecendo-se de dizer que se em relação à TVI o plano visaria o controlo da estação, em alguns jornais já há muito se concretizou.
"Se a divulgação das escutas é criticável, não é porque o Governo possa ter receios na divulgação das escutas, mas porque se trata da divulgação de actos criminosos e da violação do segredo de justiça", justificou Silva Pereira que – na minha opinião muito bem – veio a terreiro defender (apesar de tudo) os direitos constitucionais da mulher da limpeza.
Seja como for, Portugal cimenta todos os dias a sua imagem de um país “feio, porco e mau”. Será que os portugueses acreditam que vai haver justiça em casos como a Face Oculta, Casa Pia, Free Port, BPN, BPP etc. etc. etc. onde são cada vez mais notórias as certezas de que os protagonistas são todos farinha do mesmo saco?
Não. Não acreditam. E não acreditam porque cada vez mais se comprova que os protagonistas são uma corja de gente feia, suína e má. E isso aplica-se quer aos que em tempo útil se calaram, quer aos que, hoje, se deixaram comprar.
Serem feios, porcos e maus parece algo que está no sangue, salvo algumas (muito poucas) excepções. Tão poucas que até os Jornalistas que agora falam vão, como o foram os que no início da década de 80 avançaram no caso Casa Pia, ficar calados.
E esse silêncio será recompensado, com ou sem plano deste ou de outro governo. É só uma questão de tempo. Não tardará muito e estarão como directores ou administradores de um qualquer órgão da comunicação social... Os Jornalistas mais teimosos (que também os há, é verdade) poderão, a todo o momento, entrar - ou já entrararam - para novas listas de dispensáveis...
Seja qual for o caso, tenha acontecido há um ano ou há dez, ninguém se lembra de ter ouvido falar em indícios, em avisos, em alertas. Governador do Banco de Portugal, Presidentes da República, ministros, secretários de Estado, deputados, procuradores gerais da República, magistrados, polícias etc. ninguém dá fé.
E, se calhar, não ter dado fé, continuar a não dar fé, é tão conveniente que, creio, até poderá um dia destes dar direito a uma comenda pelos altos serviços prestados à Nação...
Convenhamos, contudo, que os silêncios continuam a ser comprados. Tal como foram outros, tal como serão outros. Portugal começa a deixar de ser um país (Nação há muito que o deixou de ser) para passar a ser, apenas e tão só, um lugar muito mal (muito mal, mesmo) frequentado.
Na minha opinião todos os casos mediáticos vão ficar, salvo uma ou outra punição cosmética para a dona Maria, em águas de bacalhau. Pelo cheiro, a água já está a ficar putrefacta. Mas, apesar disso, há sempre alguns (ao que parece são muitos) para quem chafurdar na merda é mesmo uma questão de vida.
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