O primeiro-ministro de Portugal teima em confundir a legalidade com a moralidade, tapando o sol com uma peneira. Não lhe basta estar a gozar com a chipala dos portugueses e, ainda por cima, esquece-se (entre muitas outras coisas) que não basta (não é o caso) ser sério...
Sócrates, com razão, condenou hoje a divulgação das escutas no âmbito do caso "Face Oculta" divulgadas pelo semanário "Sol", classificando-a como um “acto criminoso e ilegal” não só “contra a privacidade” mas também “contra a justiça”.
Mas, por ser ilegal é obrigatoriamente mentira? Olhe que não, olhe que não!
José Sócrates lamentou ainda que “todos os partidos, todos sem excepção” não tenham “criticado esse crime e essa violação da lei” e o “abuso por parte desses jornalistas”.
Esquece-se José Sócrates, porque lhe convém, que se o Jornalista não procura saber o que se passava no cerne dos problemas é, com certeza, um imbecil. Esquece-se que se o Jornalista consegue saber o que se passa mas, eventualmente, se cala é um criminoso.
Se calhar para agradarem a José Sócrates é que Portugal tem cada vez mais jornalistas imbecis do que jornalistas criminosos.
Mesmo matando o mensageiro, Sócrates não consegue esconder que há cada vez mais jornalistas comprados (viram assessores, consultores etc.), silenciados (prateleiras) e adiados (desemprego). Não morrem fisicamente (pelo menos por enquanto) mas vêem a dignidade ir desta para melhor.
Mesmo matando o mensageiro, Sócrates não consegue esconder que lidera a guerra aos Jornalistas, nem que seja por interpostas pessoas, entidades, empresas. Depois de ter comprado os que achou necessários, de ter dado cobertura aos negócios que entendeu vitais para eliminar qualquer tipo de contestação, entrou (nem que seja por interpostas pessoas, entidades, empresas) na fase de arrumar os que (ainda) não se renderam.
E para isso não é preciso dar um, ou quantos forem precisos, tiro no Jornalista. Basta fazer uma reestruturação empresarial (sinónimo óbvio de despedimentos). Quando o Jornalista descobrir que não tem dinheiro para pagar o empréstimo da casa ou os estudos dos filhos... dá um tiro na cabeça.
Porquê os Jornalistas? Porque a verdade é incómoda, seja na Rússia, em Angola, no Sri Lanka ou em Portugal. O que varia são os métodos para calar o mensageiro.
Em Portugal, apesar da guerra que o Governo move aos Jornalistas (nem que seja por interpostas pessoas, entidades, empresas), também não faltam ministros, deputados e políticos em geral (todos de pistola no bolso) a dizer que a liberdade de Imprensa é um valor sagrado.
Sagrado sim desde que não toque nos interesses instalados, desde que só diga a verdade oficial.
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