O PSD não está com meias medidas e anunciou hoje que quer ouvir mais de meio mundo sobre algo que ele próprio tem dificuldade em entender: "o exercício da liberdade de expressão em Portugal".
Nesta, como noutras, matérias o PSD não aprendeu nada. Continua, impávido e sereno, a usar a corda que supostamente o PS lhe vai oferecendo (quase) todos os dias. Um dia destes vai descobrir que, afinal, a corda serviu apenas para enforcar... o próprio PSD.
Faz no dia 28 um ano que o deputado do PSD Luís Campos Ferreira condenou as “ameaças” e “tentativas de condicionamento” da comunicação social por parte do primeiro-ministro, acusando José Sócrates de ter uma “personalidade política bipolar”.
Como o PSD anda de há muito a dormir na forma, vai dando uns tiros para o ar, outros para os próprios pés, e esquece que a estrada de Beira e beira da estrada são coisas diferentes, estejan pintadas de rosa ou de laranja.
Assim, o PSD vai exagerando quando lhe convém. É que José Sócrates não precisa de ameaçar e, por isso, não ameaçou nem ameaça. José Sócrates não precisa de condicionar e, por isso, não condiciona nem condicionou.
Campos Ferreira disse também, há um ano - recorde-se, que as afirmações de José Sócrates surgem na sequência das “tontarias” do ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, de “critica e insulto a alguns orgãos de comunicação social que não obedecem à cartilha”.
Convenhamos que são cada vez menos os que não obedecem à cartilha. Aliás, com este PS todos os que não obedecem têm os dias contados como jornalistas.
Neste assunto, o PSD ainda tem de aprender muito, muito mesmo, com este PS. Em matéria da manipulação que faz em alguma comunicação social, Sócrates chegou tão cedo que a Oposição quando pensava em para lá ir já ele de lá voltava.
O Governo chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, fazer de grande parte da “imprensa o tapete do poder”.
O Governo chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, transformar jornalistas em “criados de luxo do poder vigente".
O Governo chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, vender o acessório e demitir o essencial, vender o socialismo e demitir o realismo, vender a embalagem vazia.
O Governo chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, convencer os mais cépticos de que mais vale ser um propagandista de barriga cheia do que um ilustre Jornalista com ela vazia.
O Governo chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, convencer os jornalistas que devem pensar apenas com a cabeça... do chefe (socialista, obviamente).
O Governo chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, mostrar aos Jornalistas que ter coluna vertebral amovível é mais do que meio caminho andado para ser chefe, director ou até administrador.
Seja como for, o PSD quer ouvir todos e mais alguns sabendo, como é óbvio, que 90% vão dizer que nunca houve tanta liberdade de expressão como agora. E vão dizê-lo porque sabem que se disserem a verdade vão para a rua. E ir para a rua, convenhamos, não é lá muito agradável.
Aliás, onde andou o deputado Aguiar-Branco e similares nos últimos anos?
Nos últimos cinco ou seis anos, por exemplo, pelo menos 181 jornalistas que não eram amigos do José nem do Joaquim e que trabalhavam nas redacções do Porto de vários órgãos de comunicação social perderam o emprego, 54 dos quais no despedimento colectivo, inédito na Imprensa portuguesa, levado a cabo pelo grupo Controlinveste (JN, DN, 24 Horas e “O Jogo”).
O que disse o PSD sobre isto? Pois é, os telhados de vidro vão estoirar por todos os lados. Pena é que os estilhaços, como sempre, não atinjam os tubarões e se limitem a matar as xaputas.
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