sexta-feira, fevereiro 26, 2010

O que dizem os que passaram da mandioca
para a lagosta dos restaurantes de Luanda?

Jonas Savimbi morreu no dia 21 de Fevereiro de 2002, de morte violenta (em combate e às mãos de alguns dos seus antigos generais). No mesmo dia começou a morrer a UNITA. De morte lenta, é certo, mas igualmente (tanto quanto parece) de forma irreversível.

Talvez pouco adiante, como já fizeram o favor de me recordar alguns amigos da UNITA, continuar a dizer nesta altura que a vitória seguinte começou com a derrota anterior. Isso faria sentido se o Mais Velho ainda andasse por cá.

Apesar de todas as enorme aldrabices do MPLA, as eleições legislativas acabaram por derrotar em todas as frentes não só a estratégia mas a sua execução, elaboradas pelos “generais” da UNITA.

Como já em tempos aqui disse, creio que se Jonas Savimbi fosse vivo muitos desses “generais” da equipa da Isaías Samakuva não passariam de “cabos”. Mas quem sabe são eles.

Esperando, embora tendo cada vez menos essa certeza, que a Direcção da UNITA, esta ou qualquer outra, prefira ser salva pela crítica do que assassinada pelo elogio, volto a dizer o que penso com a legitimidade inerente ao facto de ser angolano, mau grado não ser negro.

Desde logo, lembrando que muitos dos “generais” escolhidos para o anterior combate eleitoral levantaram os braços e içaram um pano branco quando se ouviu o primeiro “tiro”.

A hecatombe eleitoral, a passada e as futuras, mostrou que a UNITA não estava mesmo preparada para ser governo e queria apenas assegurar alguns tachos e continuar a ser o primeiro dos últimos.

O sacrificado povo angolano, mesmo sabendo que foi o MPLA que o pôs de barriga vazia, não viu na UNITA a alternativa válida que durante décadas lhe foi prometida, entre muitos outros, por Jonas Savimbi, António Dembo, Paulo Lukamba Gato, Alcides Sakala e Samuel Chiwale.

Terá sido para ver a UNITA com pouco mais de 10% que Jonas Savimbi lutou e morreu? Não. Não foi. E é pena que os seus ensinamentos, tal como os seus erros, de nada tenham servido aos que, sem saberem como, herdaram o partido e a ribalta da elite angolana.

É pena que os que sempre tiveram a barriga cheia nada saibam, nem queiram saber, dos que militaram na fome, mas que se alimentaram com o orgulho de ter ao peito o Galo Negro.

Se calhar também é pena que todos aqueles que viram na mandioca um manjar dos deuses estejam, como parece, rendidos à lagosta dos lugares de elite de Luanda.

Por último, se calhar também é de lamentar que figuras sem passado, com discutível presente, queiram ter um futuro à custa da desonra dos seus antepassados que deram tudo o que tinham, incluindo a vida, para dignificar os Angolanos.

É que, ao contrário do Mais Velho, na UNITA há muitos que preferem ser escravos com lagosta na mesa do que livres embora procurando mandioca nas lavras.

1 comentário:

Anónimo disse...

E pena que os que realmente entenderam a razao da luta da UNITA sejam, ou inimigos dela, ou simpatizantes/amigos sem estatuto para dirigi-la e lutar para o triunfo dos ideias de Mwangai. Os que pensavamos terem aprendido com Dr Jonas Savimbi, mostram hoje que so esperavam o tempo de ver as lagostas e os caviares nos pratos, servejas frescas ao lado, em companhia de meninas da rua. De sacrificio, de entrega aos ideias nobres dos pobres, da luta para a INDEPENDENCIA TOTAL, nada retiveram. A pratica mostra que nem sequer entederam que "a UNITA nao se define, a UNITA sente-se" pelo sofrimento do povo que constitui a maioria marginalizada e escravizada. E incrivel que depois de grandes patriotas como Jonas Savimbi, Jeremias Chitunda, Antonio Dembo, Adolosi Mango, Salupeto Pena e os tantos outros, Angola se encontre hoje sem ninguem com coragem para levantar a chama da resistencia e salvar o povo martirizado...

Talvez se Orlando Castro fosse negro...?!?