Pinto Monteiro diz que quer saber quem entregou à comunicação social (não terá sido esta a fazer jornalismo tipo buraco da fechadura?) o seu despacho de arquivamento das escutas das alegadas conversas entre Armando Vara e José Sócrates.
E se diz que quer, também diz que o inquérito deverá ser (como tudo no reino) prioritário e urgente. O Procurador-Geral da República diz que quer saber quem é o autor da fuga de informação. É assim mesmo. A bem da Nação, neste caso socialista.
Pinto Monteiro ordenou a Maria José Morgado a abertura de um inquérito a que conferiu carácter de prioridade e com urgência às fugas de informação que levaram à divulgação do seu despacho de arquivamento das escutas do processo "Face Oculta".
Há coisas do Diabo. Ninguém quer ajudar a Justiça made in Portugal. Seja como for, cá para mim neste caso, como em todos os outros, a culpa é da mulher da limpeza.
Está na cara. Quem mais poderia ser? Se todas as pessoas que tiveram acesso ao despacho são impolutas, só sobra a dona Maria, a mulher que passa a vassoura e a esfregona nos gabinetes.
O matutino "i" nopticia na sua edição de hoje que Pinto Monteiro já terá falado com a Procuradora-Geral Adjunta para que o Departamento de Investigação e Acção Penal investigue a autoria da fuga de informação.
Faz bem. E a investigação, tal como caso Casa Pia – por exemplo – tem de ir até ao fim, doa a quem doer... por muito que isso venha a custar à dona Maria.
O caso é mais grave do que habitualmente pois ao despacho em causa «só cinco ou seis pessoas», de acordo com Pinto Monteiro, é que tiveram acesso. Será? Para descobrir qual, ou quais, dessas “cinco ou seis pessoas” mostrou ter uma garganta funda é preciso tanta celeuma?
Pela primeira vez Pinto Monteiro pede um inquérito com prioridade e urgência. Não é que possa estar em causa um crime de atentado ao Estado de Direito, mas é bom dar algum exemplo.
O Procurador-Geral da República quer saber quem fez chegar aos jornais os despachos onde o próprio Pinto Monteiro ordenou o arquivamento das certidões extraídas pelo juiz de Aveiro e também a convicção do Procurador Marques Vidal de envolvimento do primeiro-ministro num plano que atentaria contra o Estado de Direito.
Se calhar ninguém fez chegar os despachos. Os jornalistas é que, como parece ter acontecido com as múltiplas escutas do processo “Face Oculta”, fartam-se de inventar, de mentir, de manipular, de fazer campanhas negras. Se calhar, desta vez, acertaram.
Os textos publicados na imprensa mostram que, ao contrário do que terá dito o Procurador num dos despachos de arquivamento não consta nenhuma conversa entre Armando Vara e José Sócrates.
Esse caso levou o Partido Social-Democrata a pedir explicações a Pinto Monteiro. Por duas vezes os social-democratas pediram acesso aos referidos despachos. Por duas vezes Pinto Monteiro recusou por estarem em causa despachos que incluíam escutas que o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento, tinha ordenado fossem destruídas.
O Procurador-Geral da República garante: "Eu nunca disse à comunicação social ou ao Parlamento uma única coisa que não fosse verdadeira". Disso já todos tinham a certeza. Todos não exactamente. Creio que a dona Maria não acreditou.
As fugas ao segredo de justiça em processos que decorrem, é um crime que Cândida de Almeida, directora do DCIAP, considera que urge combater e não tem justificação com o dever de informação.
"Estando um processo em segredo de justiça, não é um direito, é um crime que comete quem publica seja o que for", diz acrescentando "mesmo que haja um interesse fundamental. É crime e os crimes não são de interesse público" , diz Cândida Almeida.
E diz com toda a razão. É um crime publicar seja o que for que esteja em segredo de justiça. E se assim é, vou ter de alterar uma das regras de ouro do Jornalismo que aprendi há muitos, muitos, anos.
Essa regra dizia que se o jornalista não procura saber o que se passa é um imbecil, acrescentando que se consegue saber o que se passa e se cala é um criminoso.
3 comentários:
adorei esssa da dona maria esta demais força
Grande texto, Orlando, grande texto!! .))
Se em vez de uma qualquer D. Maria, que aproveitando as Novas Oportunidades, todo o tempo que tiver para ler sempre aprende português, não seria algum qualquer aparelho de escuta ou televisivo no Gabinete?
Se bem me recordo, alguém dizia, ou disse a certa altura, que não sabia se até estava a ser escutado...
Kandandu
EA
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