«Sou casado com uma Professora. Eu próprio já fui um dos tais Professores "empurrados" de escola para escola anualmente (só aguentei essa situação seis anos e depois fui-me embora). Sou pai e os meus filhos andaram sempre nas escolas públicas (tenho aversão aos colégios privados). Fui das Associações de Pais e procurei estar sempre nas reuniões de pais e nas actividades da escola. Em resumo, mais do que a Ministra ou do que o Primeiro Ministro que pelos vistos não cumpriram alguns destes itens sinto-me à vontade para discutir a "guerra" da gestão escolar e da avaliação.
1. A gestão escolar - Pôr um amigo a gerir a escola, com a ajuda dos pais (que se percebessem de gestão não estavam tão endividados como estão), e dos empresários da zona (o Zé do talho, o Quim da Tasca, que este governo teve de forçar a pagar impostos por conta, porque eles nunca os pagariam de outro modo) e acrescentar os alunos (os tais que não sabem matemática nem português) é uma ideia de genial para acabar com a escola.
2. A avaliação - perdi o meu tempo e resolvi tentar perceber o que era a proposta do Ministério. Para além de outras maluquices reparem neste pormenor. Os Professores têm de ser avaliados em aula 3 vezes por ano. Numa escola que tenha 100 Professores isso dá 300 aulas. Como actualmente as aulas na sua maioria são de 90 minutos isso dará umas 4 aulas por dia ou seja 75 dias de avaliações em aula. Qualquer coisa como 3 meses e cinco dias de avaliação em aula.
É óbvio que não será a mesma pessoa a fazê-lo, serão os coordenadores de departamento (que são nos agrupamentos escolares actuais 6) a arcar com essa tarefa. Ou seja na melhor das hipóteses cada coordenador vai gastar 15 dias de aulas a avaliar as aulas dos outros e entretanto os alunos dele não tem aulas. Mas não acaba por aí, o tal director da escola, também terá de fazer avaliação (que valerá 50% do total).
Então também terá de assistir às aulas dos Professores, e fazer um levantamento da sua assiduidade, e um levantamento das notas que o mesmo Professor dá aos seus alunos, e verificar se os alunos mereceram essas notas, para além de o avaliar sobre outros aspectos (por exemplo se diz mal do governo, como aquela senhora (??) colocou na sua proposta de avaliação).
Perceberam como tudo isto é prático e exequível?
Em resumo esta avaliação é obra de uns tótós que devem ser ter escrito muitos trabalhos universitários sobre o assunto e que nunca conseguiram dar uma aula no ensino básico. Só pode...
1. A gestão escolar - Pôr um amigo a gerir a escola, com a ajuda dos pais (que se percebessem de gestão não estavam tão endividados como estão), e dos empresários da zona (o Zé do talho, o Quim da Tasca, que este governo teve de forçar a pagar impostos por conta, porque eles nunca os pagariam de outro modo) e acrescentar os alunos (os tais que não sabem matemática nem português) é uma ideia de genial para acabar com a escola.
2. A avaliação - perdi o meu tempo e resolvi tentar perceber o que era a proposta do Ministério. Para além de outras maluquices reparem neste pormenor. Os Professores têm de ser avaliados em aula 3 vezes por ano. Numa escola que tenha 100 Professores isso dá 300 aulas. Como actualmente as aulas na sua maioria são de 90 minutos isso dará umas 4 aulas por dia ou seja 75 dias de avaliações em aula. Qualquer coisa como 3 meses e cinco dias de avaliação em aula.
É óbvio que não será a mesma pessoa a fazê-lo, serão os coordenadores de departamento (que são nos agrupamentos escolares actuais 6) a arcar com essa tarefa. Ou seja na melhor das hipóteses cada coordenador vai gastar 15 dias de aulas a avaliar as aulas dos outros e entretanto os alunos dele não tem aulas. Mas não acaba por aí, o tal director da escola, também terá de fazer avaliação (que valerá 50% do total).
Então também terá de assistir às aulas dos Professores, e fazer um levantamento da sua assiduidade, e um levantamento das notas que o mesmo Professor dá aos seus alunos, e verificar se os alunos mereceram essas notas, para além de o avaliar sobre outros aspectos (por exemplo se diz mal do governo, como aquela senhora (??) colocou na sua proposta de avaliação).
Perceberam como tudo isto é prático e exequível?
Em resumo esta avaliação é obra de uns tótós que devem ser ter escrito muitos trabalhos universitários sobre o assunto e que nunca conseguiram dar uma aula no ensino básico. Só pode...
Finalmente um aspecto sobre a manifestação. O Senhor Primeiro deveria estar melhor informado. Se os 100 mil cidadãos, Professores e Pais, que estiveram lá não são relevantes, os constantes aplausos das pessoas que paradas nos passeios assistiam ao passar dos manifestantes, deveriam ser.
Mas o Senhor Primeiro Ministro tem razão os manifestantes não são relevantes... mas os Professores são Senhor Ministro, porque os ministros passam (até o Salazar demorou 48 anos a passar, mas passou) e os Professores ficam.
Se perguntar a qualquer português, todos nós nos lembramos de um ou outro Professor que mudou ou influenciou a nossa vida, o nosso carácter. Se perguntar a qualquer português, nenhum se lembrará de um ministro da educação ou até de um primeiro ministro que tenha influenciado o seu carácter.
A relevância têm-na quem a merece, e de certeza que não é o Primeiro Ministro ou a Ministra da Educação que a merecem.»
Nota: Este testo de João Marques foi publicado como comentário ao meu anterior texto. No entanto, pela sua importância, merece “saltar” para este local de maior visibilidade.
2 comentários:
Muito obrigada pelo seu comentário está perfeito
QUAL A SURPRESA AFINAL ?...
Alguns amigos meus, Professores, telefonaram-me indignados com a crónica (?) do Emídio Rangel no Correio da Manhã sobre a marcha dos Professores de sábado.
Indignados pelo nível da linguagem, indignados porque tinham outra imagem do autor (e que agora deixaram de ter), indignados pelas falsidades que ER reproduziu, sem se preocupar em confirmar.
Nem me atrevi a dizer a esses meus amigos que os tinha alertado desde sempre para a personagem em causa. Mas realmente a indignação dos meus amigos, levou-me a procurar a dita crónica.
E descobri algumas coisas interessantes, a saber:
- O ER odeia os comunistas portugueses. Para ele os únicos comunistas que têm valor são os comunistas do MPLA para quem trabalha, talvez porque sejam os comunistas mais corruptos e neoliberais do mundo.
- O ER não gosta de senhoras vestidas de preto e a gritarem slogans, acha que fazem figuras tristes. E mede a sua dignidade pela cor da roupa ou pelos cabelos desalinhados.
- O ER teve uma sorte danada na infância, porque os seus professores eram todos licenciados e tinham dois anos de pedagógicas. Eu tive o azar de apesar de andar na mesmas escolas de ER uma parte considerável dos meus Professores, em particular das minhas Professoras, serem mulheres de oficiais em comissão, e que raramente eram licenciadas.Azar meu.
- O ER descobriu que a ministra é sábia, tranquila, dialogante. Deve ter sido o unico a descobrir isso, pois nem uma parte do próprio PS consegue ver essas qualidades na senhora ministra.
- O ER descobriu ainda uma série de regras que acha inventadas pelos Professores e que permitem um ensino madraceirão. Não foram os Professores que criaram as leis e os regulamentos, que permitem que os alunos passem reprovados a português e a matemática desde o primeiro ao último ano. Não foram os Professores que inventaram a não existência de faltas para os alunos do ensino obrigatório, não foram os professores que inventaram todas as reformas e contra reformas, todos os remendos e correcções daquilo que hoje é o sistema de ensino em Portugal e que permitiram que se chegasse à situação de hoje.
Mas ER tem razão. O ensino em Portugal anda mal e isso afecta toda a sociedade. Ao ponto de um jornal como o Correio da Manhã permitir que um artigo destes seja publicado. Um artigo que não pretende comentar a marcha dos professores ou o Ensino, mas que tem certamente outros objectivos...
João Marques
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