Diz o Sindicato dos Jornalistas portugueses que a situação nos jornais “O Primeiro de Janeiro” e “Motor” é crítica pois os jornalistas e outros trabalhadores continuam sem receber os respectivos salários, apesar da intervenção da Autoridade para as Condições de Trabalho.
A macabra e putrefacta situação do jornal “O Primeiro de Janeiro” , espelho da democracia portuguesa onde a regra de ouro parece ser o vale tudo, gera, como é natural, muitas reacções, sobretudo por parte de alguns jornalistas. Desde logo, em matéria de opinião (coisa rara nesta classe profissional) a regra foi estar calado, mesmo que isso viole uma das principais regras da profissão: jornalista que não vive para servir, não serve para viver.
Por outras palavras, nem por verem a casa do vizinho (mais uma) a arder têm o cuidado de pôr as barbas de molho. Muitos, ainda quero acreditar que não sejam a maioria, fecham-se no seu pequeno tacho, cultivam o silêncio e dizem amén ao que o “padre” lá do sítio vai debitando.
Solidariedade? Isso é que era bom. Quase sempre céleres a criticar o colega do lado (tantas vezes de forma anónima), estão agora enclausurados em justificações nanicas, virados para o espelho e na esperança de que o chefe não lhes pergunte o que pensam.
E, de facto, o melhor é não perguntar o que pensam. É que, cada vez mais, não pensam e só têm uma pequena ideia que apenas vai um pouco mais além quando sabem o que esse mesmo chefe pensa. Um fenómeno crescente de mimetismo.
É claro que, quando um dia destes o fogo tocar nas suas barbas, vão querer a solidariedade que não deram aos outros, vão querer reacções que não tiveram quando era necessário, vão querer que os ajudem a contar até 12 sem que tenham necessidade de tirar os sapatos.
Julgam muitos deles (ainda quero acreditar que não sejam a maioria) que a mentira, a deslealdade, o ódio pessoal, a ambição mesquina, a inveja e a incompetência são condições basilares para se ser jornalista. Num país acéfalo, bajulador e subserviente essas ideias têm dado bons resultados. No entanto, mais dia menos dia, tudo isso irá por água abaixo.
Se calhar vão essas ideias e até o próprio país. Mas se tiver de ser, que seja!
1 comentário:
Saber contar até doze sem terem necessidade de tirar os sapatos - que imagem brilhante dos chamados jornalistas (alguns) que temos na praça. Depois de Mário Castrim, nada mais houve que tirasse o verniz a uma classe cada vez mais infiltrada de pequenotes artistas (pequenotes em tudo, inteligência, cultura, honestidade, lealdade e profissionalismo) que parasitam numa profissão que sempre foi muito digna, e que se deseja cada vez mais digna e responsável. Ao ler este artigo ,veio-me à memória os tempos em que esses pequenotes nem sequer tinham lugar na limpeza das retretes das tipografias. Hoje pululam por aí. São uns senhores. Engravatados ou não, plastificados sempre... confessemos, às claras, que realmente são uns senhores. Ufanos, gaiteiros e rasteiros sempre que lhes convém. Ai de quem lhes toque porque a mercantilagem, sobretudo o repelente e viscoso mercantilismo político (no pior sentido e como braço armado de interêsses agasalhados na obscuridade), decapita-os de imediato, sem olhar a meios, e sem uma mínima réstea de decência profissional. Saber contar até doze sem terem necessidade de tirar os sapatos - é efectivamente uma imagem granítica que resume a existência desses pequenotes, desses intocáveis rabinos. Parabéns amigo Orlando de Castro. Bem vindo de novo à luz do dia saudoso Mário Castrim Vale sempre a pena dizer que estamos vivos em todo o percurso da vida e mesmo para além da morte.
Jaime de Saint Maurice
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