Maria, simplesmente Maria, diz que não é a culpada de, 15 anos após ter sido criado, e quatro meses depois de Miguel Cadilhe ter assumido a presidência do grupo Sociedade Lusa de Negócios (SLN), o Governo ter decidido nacionalizar o Banco Português de Negócios (BPN).
Maria foi contratada para fazer serviços de limpeza quando o BPN nasceu, em 1993, em resultado da fusão entre as sociedades financeiras Soserfin e Norcrédito, operando no segmento da banca de investimento.
Maria recorda que o salto decisivo deu-se em 1998, com a nomeação de José Oliveira e Costa - antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, num dos governos liderados por Cavaco Silva - para a liderança do banco.
Maria foi contratada para fazer serviços de limpeza quando o BPN nasceu, em 1993, em resultado da fusão entre as sociedades financeiras Soserfin e Norcrédito, operando no segmento da banca de investimento.
Maria recorda que o salto decisivo deu-se em 1998, com a nomeação de José Oliveira e Costa - antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, num dos governos liderados por Cavaco Silva - para a liderança do banco.
Oliveira e Costa, diz Maria, teve um papel decisivo no rápido crescimento e afirmação do BPN durante a última década, ao transformar a instituição num verdadeiro banco de serviço global, oferecendo produtos de banca comercial, expandindo a rede de balcões e dando início à internacionalização do grupo.
Oliveira e Costa, que se apoiou durante anos numa estrutura accionista fragmentada, da qual faziam parte empresários proprietários de Pequenas e Médias Empresas (PME) de vários sectores de actividade, liderou também o processo de expansão da SLN, em sectores como os Seguros (Real Seguros), Turismo (SLN Investimentos), Saúde (GP Saúde), Indústria e Transportes (Pleíade) e Agro-Industrial (Partinvest).
Maria explica que a SLN, que era proprietária do BPN a 100%, é detida em 31,5% pela SLN Valor, a qual é controlada por accionistas como o construtor civil Manuel Eugénio Neves Santos (15,2%), o industrial Joaquim Coimbra (10,67%) e o próprio Oliveira e Costa (com cerca de 3%). Estes accionistas controlam ainda, directamente, posições minoritárias na própria SLN.
Quando Oliveira e Costa se demitiu, em Fevereiro último, invocando motivos de saúde, o BPN era já referido – recorda Maria - na imprensa como estando sob investigação das autoridades devido a alegadas irregularidades na sua gestão.
Além disso, o Banco de Portugal exigia a separação entre a área financeira e não financeira do grupo, bem como uma clarificação da sua estrutura accionista, o que veio a ser feito pelos sucessores de Oliveira e Costa, Abdool Vakil (presidente-interino entre Fevereiro e Junho) e Miguel Cadilhe (presidente do grupo desde Junho).
Maria espanta-se que ontem, na conferência de imprensa conjunta com o ministro das Finanças que se seguiu à decisão em Conselho de Ministros, de nacionalizar o banco, o governador do Banco de Portugal tenha revelado que a SLN fez "um conjunto vasto de operações clandestinas que não estavam registadas em nenhuma entidade do grupo" envolvendo "centenas de milhões de euros", informação que só recebeu da administração liderada por Abdool Vakil.
"Foi com surpresa que soubemos em Junho destas operações. Nada faria suspeitar que estas operações pudessem existir", afirmou o governador, salientando que, além dos seis processos de contra-ordenação já instaurados pelo banco central, a Procuradoria-Geral da República também já abriu um processo-crime. “Também eu, simplesmente Maria, me espanto”, diz a mulher da limpeza.
Teixeira dos Santos revelou que as perdas acumuladas, que atingem os 700 milhões de euros, "tem a ver com o conjunto de operações que foram investigadas" nomeadamente, com o banco Insular, de Cabo Verde. Operações que, frisou Teixeira dos Santos, deram indícios de ilicitude e ilegalidade e que foram comunicadas à PGR.
Do montante de 700 milhões de euros, 360 milhões de euros correspondem ao banco Insular e a um balcão virtual, detectados em Junho, respeitando o restante valor a imparidades (perda de potencial) identificadas por uma auditoria. “Pois é”, desabafa Maria, temendo – como diz – ser “agora acusada de não ter cumprido cabalmente as suas funções”.
“Nunca me disseram que, no âmbito das minhas funções, eu deveria limpar tudo o que era preciso. Também se o fizesse ficava logo desempregada...”, desabafa Maria. Simplesmente Maria.
“Nunca me disseram que, no âmbito das minhas funções, eu deveria limpar tudo o que era preciso. Também se o fizesse ficava logo desempregada...”, desabafa Maria. Simplesmente Maria.
1 comentário:
Está mais que visto,esta gentinha não vergonha nenhuma na chipala.
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