sexta-feira, agosto 22, 2008

Angola é o melhor paraíso para Portugal
- Isso explica a subserviência ao MPLA

António Bustorff, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, diz em entrevista ao jornal Português Diário de Notícias que “Angola é vista como o paraíso incondicional para o investimento português”. Daí, penso eu, a visível subserviência de Lisboa ao regime ainda ditatorial do MPLA que vigora no país desde 1975.

E por ser o paraíso é, do ponto de vista do Governo português e do MPLA, politicamente incorrecto que alguém lembre que mais de 68% da população angolana vive em pobreza extrema ou que a taxa estimada de analfabetismo é de 58%, enquanto a média africana é de 38%.

E por ser o paraíso é, do ponto de vista do Governo português e do MPLA, politicamente incorrecto que alguém lembre que entre 1997 a 2001, Angola consagrou à educação uma média de 4,7% do seu orçamento, enquanto a média consagrada pela SADC foi de 16,7%.

E por ser o paraíso é, do ponto de vista do Governo português e do MPLA, politicamente incorrecto que alguém lembre que embora a economia esteja a crescer em força, está a crescer mal, quer na estrutura da produção interna, quer na distribuição da riqueza nacional: 76% da população vive em 27% do território.

E por ser o paraíso é, do ponto de vista do Governo português e do MPLA, politicamente incorrecto que alguém lembre que mais de 80% do Produto Interno Bruto é produzido por estrangeiros, que mais de 90% da riqueza nacional privada foi subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população de cerca de 18 milhões de angolanos.

E por ser o paraíso é, do ponto de vista do Governo português e do MPLA, politicamente incorrecto que alguém lembre que o MPLA fundamenta a sua estratégia para enclausurar a liberdade de escolha dos angolanos em cinco pontos:

- Dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o ‘cabritismo,” – este método é utilizado para amordaçar os dirigentes, quadros, deputados, governantes e militantes do Partido da situação e não só.

- A coação e ameaças são utilizadas para silenciar os jornalistas, sobretudo em Angola mas também noutros países.

- A violência física e a intolerância política são as formas preferidas para intimidar os militantes e simpatizantes da UNITA e não só.

- A coação e a instrumentalização são utilizadas contra as autoridades tradicionais e algumas entidades religiosas.

- A corrupção política e económica é, hoje como ontem, utilizada contra todos.

E por ser o paraíso é, do ponto de vista do Governo português e do MPLA, politicamente incorrecto que alguém diga algumas verdades. Assim sendo, o Alto Hama dá vivas ao politicamente incorrecto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa Orlando! Quanto mais velho mais destemido e desassombrado! E eu gosto de ti assim.
Toda esta hipocrisia que se estende de Portugal à sua ex-colónia em forma de subserviência despudorada causa repugnância ao mais desapaixonado observador em trânsito.Esta gente está tão confortavelmente estabelecida sobre a pobreza de milhões que, quem ousar apontar o que quer que seja, é tratado de borrachão para baixo.
A mim, porém pouco me importa.Já não me aborreço muito com certas coisas e de resto, não tenho visibilidade preocupante, para eles, claro.
:)
Abraço
Elias