Angola e Cabo Verde "estão preocupados" com o evoluir da situação política na Guiné-Bissau, afirmou hoje o Presidente cabo-verdiano, Pedro Pires, que efectua uma visita de algumas horas a capital guineense. Não vejo razões para preocupações.
Pedro Pires explicou que o seu país e Angola decidiram enviar à Guiné-Bissau "uma importante delegação" para saber "junto das autoridades e irmãos guineenses o que se passa".
Que Cabo Verde, um Estado de Direito democrático, esteja preocupado, ainda vá que não vá. Agora Angola? Ninguém melhor do que Eduardo dos Santos para saber se as coisas estão a correr como planeado, pelo irmão mais velho – o MPLA. E se não estão, com facilidade Luanda as põe na ordem.
O chefe de Estado cabo-verdiano fez notar que o seu homólogo angolano, José Eduardo dos Santos, "também partilha da mesma preocupação", pelo que enviou uma delegação liderada pelo ministro das Obras Publicas, general Higino Carneiro.
Pedro Pires está enganado. Eduardo dos Santos não está preocupado, está é interessado em ajudar o seu homólogo Nino Vieira a perpetuar-se no Poder.
E se admito que Cabo Verde esteja preocupado com os guineenses, já Angola está apenas preocupada – a exemplo do que faz dentro de casa – com os donos do Poder.
"Estamos aqui na ideia de vir conhecer melhor a situação, mas como sabem, eu pessoalmente tenho com a Guiné laços especiais, de modo que estou sempre a acompanhar de perto o que acontece neste país, por razões de história e de solidariedade", disse Pedro Pires. Disse e é verdade. Mas não se aplica a Angola.
Que Angola quer avisar o recentemente eleito líder do PAIGC e futuro primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, de que deve ir comer à mão de Nino Vieira, não restam dúvidas. Espero, contudo, que Cabo Verde não alinhe nessa farsa e não dê cobertura às pérfidas jogadas do MPLA.
Vencedor das eleições legislativas de 16 de Novembro, mas cujo governo ainda aguarda pela investidura, Carlos Gomes Júnior e o Presidente Nino Vieira mantêm uma relação tensa, um facto que preocupa honestamente Cabo Verde e traiçoeiramente Angola, por poder significar uma espinha na garganta do MPLA.
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