O Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, bom amigo do Ocidente quando – tal como outros – deu jeito, afirmou hoje que "já não há cólera" no seu país porque os médicos controlaram a epidemia, apesar de a ONU ter referido ainda ontem a morte de 800 pessoas.
"Tenho o prazer de anunciar que os nossos médicos, auxiliados por outros e pela OMS (Organização Mundial de Saúde) conseguiram domar a epidemia. Por isso já não há cólera", afirmou Mugabe num discurso emitido pela televisão.
E se Mugabe o diz, quem somos nós para o contrariar? Creio, aliás, que é tão verdade o que o presidente vitalácio do Zimbabué diz sobre a cólera como, por exemplo, o que José Sócrates disse sobre a transparência e democraticidade das eleições angolanas.
Mugabe denunciou (com toda a razão, reconheça-se) os apelos do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e do Presidente norte-americano, George W.Bush, para que o chefe de Estado do Zimbabué se demita.
"Por causa da cólera, Brown quer a intervenção militar", afirmou, adiantando que também Bush pretende o mesmo devido à cólera. Mas - frisa Mugabe, "já não há motivos para uma guerra, uma vez que a cólera já não existe".
Motivos para uma intervenção, militar ou simplesmente ao estilo de um sniper que com um tiro resolve a questão, existem. Mugabe está, por razões bem mais graves do que a cólera, a preciser há muito de levar um balázio na mona.
Motivos para uma intervenção, militar ou simplesmente ao estilo de um sniper que com um tiro resolve a questão, existem. Mugabe está, por razões bem mais graves do que a cólera, a preciser há muito de levar um balázio na mona.
Bush e Brown (entre outros) pegaram na cólera porque se, por exemplo, falassem da fome e da miséria que atinge grande parte da população, alguém se lembraria de dizer que por esse critério muitos donos de África deveriam ser fuzilados.
De acordo com um relatório divulgado ontem pela OMS, a epidemia da cólera que afecta o Zimbabué causou, desde Agosto, cerca de 800 mortos e infectou mais de 16 mil pessoas. A epidemia fez também 10 mortos na África do Sul, país que acaba de declarar a sua região norte, fronteiriça com o Zimbabué, "zona de catástrofe".
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