O ex-presidente sul-africano Thabo Mbeki defendeu hoje, em Maputo, a manutenção na chefia do Estado de Robert Mugabe, assinalando que o problema do Zimbabué deve ser resolvido pelos zimbabueanos. Mais palavras para quê?
Falando aos jornalistas no final de uma audiência com o chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, em que discutiram a situação sociopolítica na África Austral, Mbeki afirmou que “nenhum partido” do Zimbabué exigiu a resignação de Mugabe.
“Vamos seguir o que os partidos zimbabueanos pensam e decidem. O importante é que as partes trabalhem juntas, se juntem e tentem encontrar uma solução no âmbito de um governo inclusivo e tentem, juntos, resolver o problema do Zimbabué”, disse.
O Zimbabué vive a pior crise socioeconómica desde a independência do país, em 1980, tornando-se no primeiro Estado no mundo a atingir uma inflação acima de 30 milhões por cento.
A situação agudizou-se depois das eleições gerais deste ano, ganhas pelo líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), Morgan Tsvangirai, partido que conseguiu a maioria no parlamento.
Apesar da vitória da oposição, o Presidente zimbabueano recusou abandonar o poder, impasse que levou à assinatura de um acordo de partilha de poder, que ainda não entrou em vigor devido às divergências sobre a atribuição de cargos ministeriais entre poder e oposição.
Mbeki, mediador do processo (e que mediador, como se vê), lembrou hoje aos jornalistas que a recente “cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) acordou que os partidos zimbabueanos devem trabalhar sobre a emenda da Constituição para acomodar as cláusulas do acordo assinado em Setembro” passado.
“Já se concluiu a emenda 19 do acordo”, relativa à partilha do poder no Zimbabué, frisou.
“Agora estamos à espera da conclusão deste processo para que a emenda seja publicada e todo o processo siga o seu curso até a formação do novo governo”, disse, afirmando não saber quando decorrerá um novo encontro entre as partes.
Por outro lado, a epidemia de cólera causou já quase 800 mortos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), situação que levou várias personalidades e a comunidade internacional a pedirem a demissão de Mugabe.
“Como sempre dissemos, o processo no Zimbabué deve ser deixado nas mãos do povo zimbabueano”, afirmou o ex-chefe de Estado sul-africano.
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