Se o coronel Theoneste Bagosora, acusado de ser o "cérebro" do genocídio ruandês de 1994, que causou mais de 800.000 mortos, foi hoje condenado a prisão perpétua pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) para o Ruanda, na Tanzânia, que punição deveria ser dada a Robert Mugabe, por exemplo?
A cólera matou, desde Agosto, 1.111 pessoas no Zimbabué, número que pode aumentar com a época de chuvas, refere um balanço hoje divulgado pelas Nações Unidas. Tudo normal, portanto. Para além de transformar o país no maior exportador de refugiados, Mugabe continua a cantar e a rir.
Ao todo foram diagnosticados, em todo o país, 20.581 casos suspeitos, segundo dados do gabinete de coordenação de assuntos humanitários da ONU (OCHA). O balanço precedente, de segunda-feira, dava conta de 978 mortos e 18.413 casos suspeitos diagnosticados em todo o país.
Desde Agosto, a doença, infecção causada pela ingestão de alimentos ou água contaminados com a bactéria "vibrio cholerae", não pára de alastrar e as organizações internacionais têm tido dificuldade em dar resposta às necessidades crescentes da população.
Tudo normal, portanto. Aliás, há oito dias, o Presidente do Robert Mugabe afirmou que a cólera tinha acabado no país porque os médicos controlaram a epidemia.
"Tenho o prazer de anunciar que os nossos médicos, auxiliados por outros e pela OMS (Organização Mundial de Saúde) conseguiram domar a epidemia. (...) Por isso já não há cólera", afirmou Mugabe num discurso emitido pela televisão.
Um dia depois do anúncio de Mugabe, o ministro da Informação zimbabueano (uma espécie de Augusto Santos Silva lá do sítio) acusou o Reino Unido de causar deliberadamente a epidemia de cólera através de um "ataque químico-biológico dos ingleses destinado a cometer genocídio contra o povo (zimbabueano)".
Um dia destes ainda vamos ver Robert Mugabe a exigir que o TPI julgue Gordon Brown por genocídio...
Um dia destes ainda vamos ver Robert Mugabe a exigir que o TPI julgue Gordon Brown por genocídio...
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